Estatísticas policiais divulgadas nesta terça-feira pelo Ministério do Interior da Espanha indicam que cerca de oito em cada dez prostitutas detidas no país em 2009, ou 86% delas, são nascidas no Brasil.
Os dados confirmam que as mulheres brasileiras são as principais vítimas da maioria das quadrilhas de prostituição que atuam no país - das 17 grandes organizações de tráfico de pessoas desmanteladas pela polícia no período, 11 atuavam com brasileiras.
As mulheres detidas foram consideradas vítimas de prostituição pela legislação espanhola (prostituir-se é legal no país, embora a exploração sexual seja delito). Em segundo lugar, depois das brasileiras, estão as romenas.
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Os dados foram apresentados no Congresso pelo ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, que chamou as quadrilhas de "máfias de crime organizado".
O Ministério identificou ainda três localidades que concentram a maioria dos quase quatro mil prostíbulos que traficam mulheres: Madri, Barcelona e Valência.
Apesar de traficar mulheres brasileiras, a maior parte das quadrilhas é composta ou chefiada por europeus.
Falsificação de documentos
O governo espanhol diz que o número de quadrilhas aumentou apesar da crise econômica 6% em relação ao ano anterior, mas nove em cada dez grupos investigados foram desmantelados total ou parcialmente.
Os brasileiros aparecem também na dos mais detidos por falsificação de documentos nos últimos 12 meses.
O governo não especificou o número de quadrilhas ou presos brasileiros ligados à falsificação de documentos (principalmente passaportes e carteiras de identidade europeias), mas fontes no Ministério do Interior afirmaram à BBC Brasil que "os grupos brasileiros estão entre as quatro nacionalidades com mais detenções em 2009".
O Ministério do Interior definiu os "grandes tipos de delitos" como tráfico de drogas, tráfico de seres humanos, corrupção, lavagem de dinheiro, falsificação e roubos.
Nos últimos 12 meses, a polícia espanhola desmantelou 561 quadrilhas, prendeu quase 6 mil pessoas e apreendeu bens em torno de R$ 650 milhões.
"Estamos falando de cifras milionárias. Entre 5% e 10% do Produto Interno Bruto do mundo provém do crime organizado. Se tudo estivesse concentrado num mesmo país, seria uma das maiores economias do planeta", afirmou o ministro.
Fontes no Ministério do Interior confirmaram à BBC Brasil que a polícia espanhola está "procurando uma cooperação maior com a Polícia Federal Brasileira com o objetivo de investigar e deter as máfias organizadas".