Cerca de 40 mil pessoas, de acordo com levantamento da Polícia Militar, participaram da passeata Brasil Sem Armas, promovida pelo Movimento Viva Rio na manhã deste domingo, em Copacabana.
Parte da campanha nacional pelo desarmamento, o ato contou com a presença do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos e de autoridades dos governos federal, estadual e municipal, além de empresários, artistas e trabalhadores.
O Secretário de Segurança Pública do estado, Anthony Garotinho, foi vaiado ao chegar à Avenida Atlântica e teve de ser protegido por um cordão de isolamento. Ele negou ter sido alvo da manifestação.
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Cerca de 40 atores do elenco da novela Mulheres Apaixonadas, da rede Globo de Televisão, gravaram cenas durante a passeata, declarando sua adesão à manifestação pelo desarmamento. À semelhança de uma escola de samba, a caminhada foi dividida em alas.
Uma das mais comoventes foi a dos parentes e amigos do comerciante chinês Chan Kim Chang, morto em razão de torturas atribuídas a agentes penitenciários no Presídio Ari Franco. Chang foi levado àquela delegicia ao tentar embarcar para os Estados Unidos com US$ 30 mil não declarados à Receita Federal. Os familiares e amigos portavam cartazes com a inscrição "Tortura Nunca Mais" e fotos de Chang.
A passeata terminou às 13h30, dando lugar a um show com atrações populares na Praça do Lido. A PM e da Guarda Municipal não registraram problemas de segurança. Também não houve nenhum atendimento médico.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, está convencido de que a passeata vai ajudar a acelerar a aprovação do projeto do desarmamento. Ele observou, porém, que um Brasil seguro, como a população deseja, só será possível com o estatuto do desarmamento vigorando e implantado de forma efetiva.
Alertou, porém, que não se pode ter a ilusão de que a simples promulgação do projeto vai nos levar ao paraíso. "É preciso implantá-lo, criar um cadastro que seja real, concreto, com o qual nós consigamos de fato fiscalizar as coisas", afirmou. O ministro defendeu que o texto do projeto seja o original, nascido no próprio Ministério da Justiça. Para ele, o projeto é equilibrado no que respeita às penas e à maneira de proibir a posse, além de regulamentar o porte de armas.
O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), concordou que o movimento Brasil Sem Armas terá uma importância expressiva em relação ao projeto do desarmamento. Ressaltou que uma vez aprovada, a lei poderá ajudar a desarmar a sociedade e a reduzir a violência e a insegurança no país, instituindo uma fiscalização mais rigorosa.
Ele espera levar o parecer sobre o projeto ao plenário da Câmara até o dia 30 deste mês. As condições são todas favoráveis à aprovação do projeto. João Paulo assegurou que a sociedade prevalecerá sobre o lobby das armas no Congresso.
Os policiais civis do estado foram representados pelo presidente da Coligação de Policiais Civis do Rio de Janeiro, Carlos Eustáquio, que reafirmou a necessidade de se desarmar a sociedade, mas também os bandidos, tendo em vista as notícias de desvio bélico de órgãos públicos responsáveis pela segurança no país. Ele defende que o desarmamento seja feito por meio de uma fiscalização rigorosa nas divisas e fronteiras.
Já o Secretário estadual de Direitos Humanos do Rio, João Luiz Duboc Pinaud, considerou que a população não deve andar armada. Para a sociedade entender a importância do desarmamento, recomendou que sejam vistos o filme "Tiros em Columbine" e o documentário "Paulinho da Viola", este retratando o exemplo de um cidadão da paz.
O presidente do Viva Rio, Ruben Cesar Fernandes, avaliou que a passeata teve sucesso total, com adesão maciça do povo. Se o dia tivesse sido de sol, a afluência teria sido bem superior, observou.