O comando nacional da greve dos servidores públicos decidiu manter a paralisação e a reivindicação de arquivamento da proposta da emenda constitucional da reforma da Previdência em tramitação no Congresso, em assembléia nesta quarta-feira que reuniu 11 entidades, além da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Os organizadores da greve se disseram insatisfeitos, mesmo com a nova proposta que manteria a integralidade (aposentadoria com benefício igual à última remuneração da ativa) e a paridade dos salários (reajuste dos benefícios no mesmo período e pelos mesmos índices aplicados à remuneração da ativa) dos atuais servidores.
"Nossa greve não é pelo nosso umbigo, é pela defesa do Estado. Não fomos sequer atendidos pelo relator da reforma da Previdência [deputado José Pimentel (PT-CE)]", disse Gilberto Jorge Cordeiro, secretário-geral da Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal).
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Segundo a instituição, a adesão ao movimento chega a 55% dos servidores, o que representaria 400 mil trabalhadores parados, e a ordem agora seria intensificar a paralisação.
A organização da greve planeja uma nova assembléia com servidores federais, estaduais e municipais para o próximo dia 24, em Brasília. Participariam dessa reunião o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a UNE (União Nacional dos Estudantes).
De acordo com a Condsef, os aeroportos de João Pessoa (PB), Vitória (ES) e Brasília (DF), estão funcionando em ritmo lento, na "operação tartaruga". Nos postos da Receita Federal dos Estados de Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Pará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, a paralisação seria total.
O comando da greve disse que só aceita negociar, a partir de agora, com o presidente Lula e com representantes do Legislativo e do Judiciário.
Os servidores do Banco Central também organizaram uma assembléia nesta quarta-feira em Brasília, mas decidiram não aderir ao movimento. Na próxima segunda-feira o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) realiza uma nova assembléia, com "indicativo de greve por prazo indeterminado a partir de terça-feira", segundo Paulo de Tarso Calovi, diretor-regional do Sinal no Distrito Federal.