Um dia após tropas norte-americanas e guerrilheiros curdos terem ocupado importantes cidades no norte do Iraque, a principal estrada de acesso a Bagdá foi tomada, nesta sexta-feira, por um êxodo impressionante de soldados desertores das forças de Saddam Hussein.
Imagens transmitidas pela TV norte-americana CNN mostraram uma longa fileira de, aparentemente, milhares de ex-soldados, a maioria vestidos com roupas civis.
Até onde se via o horizonte, havia desertores. Caminhões transportando grandes grupos de iraquianos que desistiram de defender o país também tomaram a estrada, para um trajeto de 160 quilômetros até a capital do país.
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Os desertores entregaram armas e seus uniformes militares a combatentes curdos no norte do Iraque. Segundo o correspondente da CNN Brent Sadler, muitos sequer sabiam que o regime de Saddam Hussein havia caído em Bagdá.
Descritos como "abatidos e derrotados", alguns dos esfarrapados ex-soldados contaram a Sadler que estavam caminhando há horas. Outros, há dias. Muitos faziam o percurso descalços ou, quando muito, com sapatos em frangalhos.
Os desertores integravam três subdivisões do Exército iraquiano, encarregadas da defesa no norte do país e que somavam cerca de 100 mil homens. Eles contaram que seus documentos de identificação haviam sido apreendidos por seus comandantes, que fugiram antes do início dos bombardeios mais pesados da coalizão anglo-americana contra a região.
Há três dias, quando a maioria dos soldados abandonou seus postos, vários foram obrigados por membros do Partido Baath, de Saddam Hussein, a retornar.
Entre os que seguiam, nesta sexta-feira, para Bagdá, a maioria era de xiitas. "Não temos nada", disse um deles ao correspondente da CNN. "Não temos dinheiro nem água".