Responsável por tirar a vida de 294 pessoas e devastar cidades e distritos inteiros da região central da Itália, o terremoto de 24 de agosto foi sobretudo uma tragédia dos idosos e das mulheres. É o que mostra uma análise da lista de vítimas divulgada pelas províncias de Rieti e Ascoli Piceno, as mais atingidas pelo tremor.
Dos 289 mortos com datas de nascimento confirmadas até o momento, 129 tinham mais que 65 anos, o que corresponde a 44,63% do total. O número é o dobro do que essa faixa etária representa na população italiana: 22%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (Istat) referentes a dezembro de 2015.
A idade média dos falecidos no terremoto é de 56,5 anos, ao passo que no país todo esse índice é de 44,7. Ao contrário do Brasil, que estabelece um limite de 60 anos, a Itália não tem uma legislação que defina uma idade mínima para ser considerado idoso, mas no cotidiano costuma ser adotada a barreira de 65 anos.
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O terremoto de 24 de agosto ocorreu em pleno verão europeu, quando as cidades atingidas estavam mais povoadas do que o normal. Em muitos casos, netos curtiam as últimas semanas antes do início do ano letivo na casa dos avós. Como no caso de Elisa Cafini, de 14 anos.
Moradora de Roma, ela passava as férias na residência de sua nonna Irma Cafini, 81, em Pescara del Tronto, distrito de Arquata del Tronto destruído pelo tremor. Ambas morreram soterradas pelos escombros da moradia da avó.
Mulheres
A tragédia de Elisa e Irma evidencia outro aspecto do terremoto: o elevado número de vítimas do sexo feminino. Dos 291 mortos cujos nomes foram confirmados, 175 são mulheres (60,1%), e 116, homens (39,9%).
De acordo com o Istat, a população da península possui uma distribuição muito mais igualitária, com 51,44% de italianas e 48,56% de italianos. Tanto a vítima mais velha do sismo, Pasqua Scialanga, de 98 anos, quanto a mais nova, Patrizia Bizzoni, de quatro meses, são mulheres.
Há também a história das irmãs Giorgia, 5, e Giulia Rinaldo, 8, residentes de Pescara del Tronto. A primeira foi resgatada depois de passar 16 horas sob os escombros de sua casa, mas viu Giulia morrer do seu lado.
No enterro dela, o socorrista Andrea escreveu uma emotiva carta pedindo desculpas por ter chegado "tarde demais". "Infelizmente, você já tinha parado de respirar. Mas quero que você saiba aí de cima que nós fizemos todo o possível para te tirar dali", disse.
Pelo menos 35 vítimas do tremor na região central da Itália são menores de idade, o que corresponde a 12,11% dos 289 mortos cujas datas de nascimento foram divulgadas.
Geografia
Devastada pelo terremoto, Amatrice, na região do Lazio, tinha cerca de 2,6 mil habitantes antes de ir abaixo, mas 91 deles faleceram na tragédia, o que corresponde a 3,5% de sua população. Em números relativos, foi a cidade que mais perdeu moradores. Em números absolutos, só fica atrás de Roma.
109 habitantes da capital italiana morreram no tremor de 24 de agosto, sendo 89 na própria Amatrice e 20 em Arquata del Tronto, na região de Marcas. A maioria estava de férias. Apesar do sismo ter sido sentido em Roma, nenhuma morte foi registrada nos limites da "cidade eterna".
Também faleceram 20 moradores de Arquata, número que equivale a 1,6% de sua população de 1,2 mil pessoas, e 17 estrangeiros, sendo nove romenos, três britânicos, dois líbios, uma sul-coreana, uma espanhola e uma salvadorenha.
Com exceção de Marcos Burnet (14) e do casal Maria (51) e William Hennicker Gotley (55), que moravam em Londres, e de Ana Aguilar Huete (27), que vivia em Granada, na Espanha, todos residiam em solo italiano.
O último balanço oficial do terremoto contabiliza 294 mortos, sendo 244 na província de Rieti, onde fica Amatrice, e 50 na de Ascoli Piceno, onde está situada Arquata del Tronto. No entanto, três vítimas ainda não foram identificadas.
Entre as 291 que tiveram seus nomes confirmados, de duas não se sabe as datas de nascimento, e quatro permanecem com a cidade de residência desconhecida.