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Mal-estar

Uruguai pede dados de mortos durante ditadura no Brasil

Agência Estado
28 fev 2012 às 13:47

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O governo do Uruguai se prepara para solicitar ao Brasil arquivos sobre uruguaios mortos e desaparecidos no País nos anos da ditadura militar. A revelação foi feita ontem ao jornal O Estado de S. Paulo pelo ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, em Genebra.

À reportagem, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, já indicou que o País está disposto a oferecer as informações que serão solicitadas pelos uruguaios. Ontem, na ONU, ela garantiu que haverá "transparência plena" sobre os documentos, mas não disfarçou o mal-estar ao ser questionada sobre a carta enviada por militares criticando sua postura em relação a como tratar o passado.

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"Precisamos ir no sentido contrário ao que os países da região fizeram nos anos da ditadura quando criaram a Operação Condor. Agora, precisamos ir no sentido inverso e usar o fato de que somos democracias para contribuir justamente na troca de informações", disse Almagro.

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Segundo o ministro, as investigações em Montevidéu já indicaram o desaparecimento de uruguaios em vários países da região, inclusive no Sul do Brasil. "Vamos fazer um pedido de informações ao Brasil", disse, sem dar detalhes dos casos.

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O chanceler admitiu que já há casos identificados de uruguaios que desapareceram no Paraguai e diz que também vai pedir esclarecimentos. O Uruguai tem sido um dos líderes na busca por informações e abertura de investigações sobre sua ditadura, que durou de 1973 a 1985. O presidente José Mujica, ex-guerrilheiro, conseguiu mudar a legislação para tornar os delitos imprescritíveis.


Maria do Rosário, que ainda não havia sido informada da iniciativa dos uruguaios, não hesitou em colocar os arquivos à disposição. "Estamos trabalhando no âmbito do Mercosul justamente para permitir essa troca de informações", disse.

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Assessores do governo estimam que existam informações sobre casos de uruguaios desaparecidos ou mortos no Sul do País, depois de suas identidades terem sido compartilhadas pelos regimes militares de Montevidéu e Brasília.


Polêmica


Na plenária do Conselho de Direitos Humanos da ONU, a ministra adotou um tom firme de compromisso do governo em lidar com seu passado. "Em seu primeiro ano de governo, a presidente Dilma Rousseff honrou o compromisso fundamental com a democracia e os direitos humanos", declarou. "Sancionou a lei que cria a Comissão da Verdade e a Lei Geral de Acesso à Informação, estabelecendo condições para a investigação de graves violações perpetradas pelo Estado e a transparência plena de documentos públicos", disse.

Ao deixar o local, no entanto, a ministra não escondeu como o tema ainda é sensível. Ao ser questionada sobre quais seriam os próximos passos da comissão, foi evasiva. "Eu não tenho essas informações", disse. "Estamos trabalhando, estamos preparando os caminhos."


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