Luta e trabalho nunca assustaram Ellen Cristina de Oliveira. Aos 20 anos, ela deixou o Brasil com o então marido para buscar na Europa meios de alavancar a vida no Brasil, que passava por um período de poucos empregos. Trabalhou por cerca de nove anos em restaurantes e lojas de Portugal, até conseguir recursos para comprar sua casa. Voltou a Londrina, sua cidade natal, em 2012, onde trabalhou em shoppings e mercados. Seu último emprego foi como monitora da Zona Azul.
Ellen morreu em um acidente de trabalho: foi vítima da queda de um galho no Bosque de Londrina, quando monitorava o estacionamento rotativo em um trecho da Avenida Rio de Janeiro. Por amigos e família, é lembrada como uma pessoa caridosa e de agradável convivência. Evangélica, gostava frequentar a Igreja Universal do Reino de Deus e de aventuras na natureza, mas, principalmente, de passar o tempo com sua família, afirma a irmã Aline Regina de Oliveira, de 28 anos.
Londrinense, a monitora da Zona Azul cursou o Ensino Médio no Colégio Estadual Albino Feijó Sanches, na zona sul da cidade. Foi casada por 14 anos e tem um filho de dois anos e cinco meses, Igor, a quem dava dedicação exclusiva. Com o fim do casamento, viu-se obrigada a retornar para o mercado de trabalho. A Zona Azul abriu as portas para este retorno.
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A irmã Aline descreve Ellen como uma pessoa que não tinha preguiça de trabalhar ou de ajudar as pessoas, mas detestava brigas. "Era uma pessoa maravilhosa, que gostava de ver todos felizes. Apartava brigas. Foi uma mãe maravilhosa e uma pessoa paciente com todos à sua volta", afirma.
Sentimento semelhante tem a colega de trabalho Meiriely Nazé dos Santos, 30 anos. Há sete meses na Zona Azul, ela conheceu Ellen ao ingressar no monitoramento do estacionamento rotativo, mas formaram laço de amizade forte neste período. "Não tivemos tempo de ter muito contato fora do trabalho, porque ela tinha um filho pequeno e eu também. Mas sempre compartilhávamos o horário de almoço, seja para fazer compras no comércio, seja para tomar um sorvete", diz.
No trabalho, Ellen se dava bem com todos os companheiros. "Era uma pessoa alegre, não tinha mau humor com ela. Só vivia dando risada", diz. Também evitava conflitos na execução do trabalho, já que, ao monitorar os parquímetros, nem sempre era bem recebida pelos motoristas. "No dia a dia, a gente que trabalha na rua, lida com gente de todos os tipos. Alguns se tornam amigos, outros não falam nem bom dia. Às vezes, a Ellen comentava 'chegou pessoa de mau humor', mas ela não dizia nada para a pessoa que agia com grosseria. Ela não respondia, não reagia na mesma moeda. Apenas sabia levar", diz a amiga.
Ellen (à esq.) com sua equipe da Zona Azul
Ellen morreu aos 34 anos. Deixou o filho, uma irmã e os pais, além dos amigos.
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