Abalos de baixa intensidade foram sentidos por moradores próximo ao terminal turístico, às margens do reservatório da usina hidrelétrica de Capivara
No último sábado (dia 1º), a FOLHA mostrou com exclusividade uma situação que anda apavorando os moradores da cidade de Primeiro de Maio (65 km ao Norte de Londrina). Durante três dias consecutivos, de 28 a 30 de abril, a terra tremeu no município de 11 mil habitantes. Os abalos, de baixa intensidade, foram sentidos, principalmente, por moradores do bairro Santana 2000, que fica próximo ao terminal turístico, às margens do reservatório da usina hidrelétrica de Capivara.
Ontem, a Duke Energy, concessionária que opera Capivara e outras sete usinas hidrelétricas no rio Paranapanema, informou que ''os sismos ocorridos na cidade de Primeiro de Maio foram analisados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), e considerados de baixíssima magnitude.'' Os dados do IPT foram levantados a partir de um sismógrafo que a Duke mantém na região da barragem de Capivara, entre os municípios de Porecatu e Taciba (SP).
Um documento enviado à FOLHA pela concessionária, elaborado por seus técnicos com base no laudo do IPT, explica que ''não existe registro de falha tectônica na região de Primeiro de Maio, mas pode-se dizer que os tremores de terra observados no município estão relacionados às características geológicas locais''. O documento não esclarece quais seriam essas ''características geológicas'' e nem a exata profundidade do epicentro. ''Os eventos sísmicos registrados no mês de abril foram muito pequenos e não foi possível precisar com clareza quantos metros abaixo da superfície'', destaca a nota.
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A Duke Energy nega qualquer relação entre o reservatório de Capivara, de 576 km quadrados, com os tremores. ''Na época do enchimento do reservatório da Hidrelétrica de Capivara foi iniciado o monitoramento sismológico, em função dos tremores que já eram observados na região. O histórico a partir dessa data mostra atividade sísmica natural na região, predominantemente de pequena magnitude, mas que não provocam dano. Existe uma susceptibilidade geológica para a ocorrência de pequenos sismos'', especifica o documento de técnicos da empresa.
Já o doutor em geofísica e sismólogo do Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (Obsis-UnB), George Sand França, afirma que a preocupação dos moradores da cidade não é infundada. ''Todo e qualquer reservatório de água pode causar sismos, pois geram uma carga mecânica de peso. Assim, a variação do nível pode ser fonte de tremores. A lenta penetração da água nas fissuras do solo também é causa de sismos. É por isso que todo resrvatório de hidrelétrica tem, ou deveria ter, o acompanhamento sismológico'', explica o professor.
França afirma que, em 1979, pouco depois do enchimento do reservatório, Primeiro de Maio sofreu um tremor que chegou a 3,7 graus na Escala Richter, suficiente para causar danos em construções. ''Não há motivo para alarde, mas o ideal é que seja feito um estudo local mais detalhado para esclarecer o que é essa situação geológica'', disse.(Colaborou Luciano Augusto)