Os constantes fechamentos da Ponte da Amizade nas três últimas semanas acirraram uma crise antiga na fronteira do Brasil com o Paraguai. Pressionados com os altos índices de desemprego, trabalhadores das regiões de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este foram às ruas para reivindicar emprego, forçar uma rediscussão sobre os direitos trabalhistas e o intercâmbio comercial.
Primeiro, paraguaios protestaram contra os 5 mil estrangeiros ilegais nas lojas locais. Depois foi a vez dos brasileiros reclamarem de quase 100 demissões. A onda de manifestos teve como saldo imediato pelo menos 39 feridos (três deles graves) e 17 presos em choques internos com as policiais de cada país, além de prejuízos para a economia com o bloqueio da fronteira 12 vezes em 17 dias.
A pressão popular forçou autoridades e sindicalistas das duas cidades a firmar um entendimento temporário para o impasse trabalhista. O combinado, porém, não apresentou uma solução definitiva para o problema, cuja verdadeira origem remete à explosão demográfica ocasionada com a construção da Hidrelétrica de Itaipu e à falta de uma política de desenvolvimento para a fronteira (ver texto nesta página).
De 1975 a 1984, a hidrelétrica registrou o auge de suas obras com a construção da barragem e a implantação da primeira unidade geradora. O período foi marcado com o recrutamento de mais de 40 mil pessoas de outras regiões para trabalhar, ao mesmo tempo, no canteiro. A Itaipu Binacional empregou mais de 100 mil pessoas até a entrada em operação da 18ª turbina.
O empreendimento projetado pelas ditaduras militares dos países resultou num inchaço populacional. Antes da usina, Foz do Iguaçu e Ciudad del Este tinham populações na casa de 33 mil habitantes. Em 1980, a população de Foz subiu para 136 mil, registrando um crescimento de 312% (esse índice foi acompanhado pela cidade vizinha).
O impacto da demissão em massa de trabalhadores foi amenizado, em parte, com os postos formais e informais criados com o ciclo do comprismo, que teve início na década de 80. Também influenciou na densidade demográfica, deixando Foz, em 1996, com 231 mil habitantes. Mas com a decadência do comércio em Ciudad del Este, em 1995, milhares de lojas fecharam, originando a disputa pelas vagas remanescentes.
Os primeiros atingidos, como taxistas e mototaxistas, bloquearam a Ponte da Amizade inúmeras vezes nos últimos anos. Sem opção nem no mercado informal, paraguaios agora exigem a retirada do estrangeiro ilegal no comércio local. A disputa por empregos chegou a deixar manifestantes brasileiros e paraguaios próximos de um conflito na área aduaneira no dia 24, quando ficaram a 100 metros de distância entre si trocando ofensas.
As consequências dessa crise começam a tomar dimensões maiores, como o aumento da violência e da criminalidade nas duas cidades – que sem uma tradição industrial e com economia voltada o turismo e comércio (dois segmentos de geração de empregos limitados) –, tentam encontrar, com alguns anos de atraso, uma solução para o impasse trabalhista.
Primeiro, paraguaios protestaram contra os 5 mil estrangeiros ilegais nas lojas locais. Depois foi a vez dos brasileiros reclamarem de quase 100 demissões. A onda de manifestos teve como saldo imediato pelo menos 39 feridos (três deles graves) e 17 presos em choques internos com as policiais de cada país, além de prejuízos para a economia com o bloqueio da fronteira 12 vezes em 17 dias.
A pressão popular forçou autoridades e sindicalistas das duas cidades a firmar um entendimento temporário para o impasse trabalhista. O combinado, porém, não apresentou uma solução definitiva para o problema, cuja verdadeira origem remete à explosão demográfica ocasionada com a construção da Hidrelétrica de Itaipu e à falta de uma política de desenvolvimento para a fronteira (ver texto nesta página).
De 1975 a 1984, a hidrelétrica registrou o auge de suas obras com a construção da barragem e a implantação da primeira unidade geradora. O período foi marcado com o recrutamento de mais de 40 mil pessoas de outras regiões para trabalhar, ao mesmo tempo, no canteiro. A Itaipu Binacional empregou mais de 100 mil pessoas até a entrada em operação da 18ª turbina.
O empreendimento projetado pelas ditaduras militares dos países resultou num inchaço populacional. Antes da usina, Foz do Iguaçu e Ciudad del Este tinham populações na casa de 33 mil habitantes. Em 1980, a população de Foz subiu para 136 mil, registrando um crescimento de 312% (esse índice foi acompanhado pela cidade vizinha).
O impacto da demissão em massa de trabalhadores foi amenizado, em parte, com os postos formais e informais criados com o ciclo do comprismo, que teve início na década de 80. Também influenciou na densidade demográfica, deixando Foz, em 1996, com 231 mil habitantes. Mas com a decadência do comércio em Ciudad del Este, em 1995, milhares de lojas fecharam, originando a disputa pelas vagas remanescentes.
Os primeiros atingidos, como taxistas e mototaxistas, bloquearam a Ponte da Amizade inúmeras vezes nos últimos anos. Sem opção nem no mercado informal, paraguaios agora exigem a retirada do estrangeiro ilegal no comércio local. A disputa por empregos chegou a deixar manifestantes brasileiros e paraguaios próximos de um conflito na área aduaneira no dia 24, quando ficaram a 100 metros de distância entre si trocando ofensas.
As consequências dessa crise começam a tomar dimensões maiores, como o aumento da violência e da criminalidade nas duas cidades – que sem uma tradição industrial e com economia voltada o turismo e comércio (dois segmentos de geração de empregos limitados) –, tentam encontrar, com alguns anos de atraso, uma solução para o impasse trabalhista.