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Nem mais, nem menos

(Ponto-com)
16 ago 2001 às 17:25

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Há algum tempo é possível acompanhar a caça às bruxas do meio digital. Ou melhor: ao meio digital. De uma maneira geral, leigos e profissionais estão desiludidos com a Web. Aqueles que antes bradavam o milagre do comércio e da comunicação instantânea, do lucro a cavalo, agora passam o chapéu-de-burro de cabeça em cabeça.
O desaquecimento do meio digital atingiu o ritmo de uma marcha fúnebre, entoada pelo canto das empresas ponto-com que estão falindo. Mas, aqueles que agora dão os pêsames, são os que antes bebiam o defunto por conta.
O problema não foi da Internet e sim da ganância das grandes corporações e de pessoas que tomaram o meio digital de assalto, sem respeitar as características de ambos.
A natureza do ser humano é diretamente ligada à sua cultura, cujo ciclo de mudança, comportamental e conceitual, depende de diversos fatores e que não é alterado no mesmo ritmo da tecnologia.
A natureza da Internet é algo, a priori, incompatível com os objetivos do comércio tradicional. O seu surgimento como um meio difusor, não lucrativo, é baseado na disseminação pura e simples da informação.
Assim, as empresas, vislumbrando a possibilidade do contato o tempo todo e interativo com clientes e potenciais clientes, avançaram nesse meio como uma revoada de urubus sobre um pedaço de carniça. Mas a Internet é um filhote ainda em crescimento, um bolo, cujo fermento ainda não surtiu efeito. Repartir este bolo de forma tão precipitada é necessariamente acabar com a festa antes do tempo.
Em um meio no qual o lucro está acima de tudo, o planejamento das empresas visando retornos exorbitantes, em curtos espaços de tempo, não poderia dar certo.

Sede ao pote
Não deixaram o usuário da Web se acostumar com essa mídia. Tentaram empurrar vendas goela abaixo, de uma hora para outra. Mas qual é a reação do ser humano comum, à primeira vista, em relação à tecnologia? E mais, como pedir que exista uma empatia com um monitor de baixa resolução a uma distância média que chega, no máximo, a dois palmos - inexpressivos para proteger nossos olhos da irritação da radiação?
Além dessas dúvidas, existe uma falta de planejamento das empresas de comércio eletrônico. Suas áreas de segurança, logística e de atendimento ao consumidor, de forma irresponsável, disseminaram a desconfiança frente ao meio. Quem tem uma experiência de compra eletrônica frustrada, quase sempre prefere voltar a consumir pelo comércio tradicional.
Tudo isso são elementos contrários à rápida aproximação e assimilação do usuário ao meio digital e, conseqüentemente, ao comércio eletrônico.
Há saída para isso?
Separar o mundo Internet, no qual pessoas conversam, se emocionam e vivem, do meio Internet, pelo qual viabilizamos negócios, otimizando custos.
Primeiramente, devemos nos resignar e admitir que estamos, ainda hoje, inflando números. Somos 11 milhões de internautas, se levarmos em conta o mundo Web. Para o meio Internet, essa cifra deva cair para um terço, no máximo. Pesquisas já comprovaram que o comércio eletrônico começa a ser realidade para internautas com experiência superior a de três anos. Contabilizar internautas que acessam apenas meia hora por mês como internautas ativos é querer tapar o sol com a peneira. Quando essa pessoa pode ser economicamente ativa na Web?
Uma vez separado o joio do trigo, temos que admitir que lidamos com algo realmente pioneiro e revolucionário, com incertezas e medos naturais a tudo que é desconhecido. Para driblar essa situação, devemos nos ater, num primeiro momento, à necessidade de padronização, o que trará credibilidade e confiança ao meio.
Essa padronização recai diretamente sobre a publicidade online na questão dos banners e sua aferição. Seu tamanho e a forma que seu retorno é medido devem seguir certas regras para que tenham credibilidade.
O banner não precisa aumentar de tamanho. Seu atual campo padrão é infinito, uma vez que dispomos de recursos tecnológicos que expandem horizontes e fronteiras, e que todo e qualquer campo na área Web é uma porta para novos mundos. O aumento do tamanho do banner é, sem dúvida, um atestado de incompetência aos criativos das agências e uma volta à velha prática interruptiva. Logo, na Web, um meio permissivo por natureza.
É preciso deixar ao consumidor a efetivação do relacionamento comercial, que é a venda propriamente dita. Quem souber apresentar o que tem de melhor, será recompensado com a atenção e a efetivação de negócios online por parte do usuário.
Caça às bruxas não. Caça à incompetência.

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