O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), criticou nesta terça-feira (28) os prefeitos que planejam paralisar as administrações em protesto contra a redução do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Para ele, trata-se de uma "tentativa de desgaste político" em relação ao governo federal. "Isso é campanha eleitoral", afirmou. Sem levar em conta o posicionamento do governador, 16 prefeitos da Associação dos Municípios do Centro do Paraná (Amocentro) decidiram unir-se aos 26 da Associação dos Municípios do Vale do Ivaí (Amuvi) na manifestação.
Durante reunião com secretários e assessores, transmitida pela "Televisão Educativa", Requião qualificou como "greve" a atitude dos prefeitos. "A pior maneira de conversar com o governo federal ou com qualquer governo num momento em que o País vive uma crise é fazendo o desaforo antes de conversar e viabilizar as soluções que a gente deseja", disse. Ele acentuou que o governo estadual também teve queda "pesada" nas transferências federais. "Mas o caminho não é bater o pé e tentar desmoralizar politicamente o governo", criticou. Para o governador, é preciso saber o motivo do atraso no repasse, por meio da representação do governo em Brasília e dos parlamentares.
Ele classificou o movimento dos prefeitos como uma "coisa tola". "O que se pode conseguir com essa presepada de fechar prefeituras?", questionou. "Algum problema deve ter existido, às vezes a gente tem problemas inimagináveis." Como resposta aos manifestantes, Requião disse que, se fosse funcionário das prefeituras, entraria em greve, "para os prefeitos aprenderem o que é uma greve sem razão". O governador destacou ter certeza de que os prefeitos vão receber os valores corretos. Pois, segundo ele, trata-se apenas de um "erro administrativo provavelmente insignificante que será corrigido em prazo curtíssimo".
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Presidente da Amuvi, o prefeito de Cruzmaltina, Maurício Bueno (PSDB), rebateu qualquer conotação político-eleitoral na manifestação. Segundo ele, a decisão foi tomada em assembleia na sexta-feira. "Temos prefeitos de vários partidos na associação, nós lutamos por objetivos", afirmou. "Ele (Requião) fala isso porque foi prefeito da capital do Estado, tinha que ser prefeito de uma cidade pequena para sentir o problema", ponderou.
Do mesmo partido de Requião, o presidente da Amocentro e prefeito de Manoel Ribas, Valentin Darcin, disse que o FPM representa 50% da arrecadação do município, o que significa cerca de R$ 400 mil por mês. Mas, nas duas parcelas recebidas em julho, entraram somente R$ 17 mil. "A situação é horrível, precária, não vamos pagar fornecedores, vou atrasar o pagamento para a Copel (Companhia Paranaense de Energia), para a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), para os postos de combustíveis, e vai ser difícil pagar a folha", lamentou. "Ele (Requião) tem razão, mas não sente na pele o que nós estamos sentindo."