Os moradores que vivem na beira-mar de Matinhos e Caiobá estão temerosos de que uma nova frente fria no Estado possa causar uma outra ressaca tão forte quanto a registrada na madrugada de domingo. De acordo com o Centro de Hidrografia da Marinha, no Rio de Janeiro, novas ressacas poderiam acontecer até hoje. Mas, baseando-se no comportamento das marés e das luas, os pescadores "tinham fé" de que os perigos maiores já tinham passado.
"A tendência é melhorar, já que a maré sempre vem três dias antes da lua. Como a lua cheia já está aí, ela vai ficar baixa agora", dizia o pescador Paulo José Pinheiro, 60 anos. Vivendo há 51 anos em Morretes e 17 na beira-mar, ele conta que esta é a segunda vez que perde uma casa por causa de ressacas. "Dessa vez foi mais violento. Não deu tempo de pegar nada. Eu e meus filhos perdemos duas geladeiras, dois fogões, roupas, louça, tudo", dizia.
Elisiara Almeida Correia, com 83 anos, ainda lembra dos prejuízos com outra grande ressaca, ocorrida há 30 anos. "Nós tínhamos uma salga de descascar camarão (barracão de material azulejado) e três tanques de cimento armado, mas não sobrou nenhum tijolo", contou. Desta vez, é ela quem está abrigando seus vizinhos, que tiveram a casa destruída.