O advogado Celso Garla foi indiciado nesta quinta-feira pelo delegado-operacional da 10ª Subdivisão Policial, Sérgio Luiz Barroso, no inquérito que apura o sequestro do próprio filho, Celso Garla Filho, e de Thiago Lunnardelli Fonseca, ambos com 18 anos. Eles foram sequestrados no início do mês de julho quando chegavam à faculdade onde estudavam, na zona sul de Londrina. Passaram cinco dias em cativeiro e foram libertados sem o pagamento do resgate.
Celso Garla foi apontado pelo também advogado Décio Vanderlei Nogueira, que está preso, como autor intelectual do sequestro. Nogueira alugava uma sala que pertencia à Celso Garla, que também mantinha um escritório no mesmo edifício no centro da cidade.
Desde que foi preso, em 19 de julho, Nogueira sempre acusou o colega de profissão de ter planejado o sequestro do próprio filho. Hoje, ele foi ouvido pelo delegado e reafirmou a versão.
Barroso disse que indiciou Celso Garla em virtude das ''convicções juntadas nas investigações''. Ele assegurou que dispõe de elementos que levam ao envolvimento do advogado no crime e afirmou que acredita na versão de Nogueira. Questionado se pretendia pedir a prisão de Celso Garla, Barroso afirmou que preferia aguardar a conclusão das investigações.
Hoje foi feita nova acareação entre Nogueira, Oreles Timph - preso sob suspeita de ter rendido os estudantes e permanecido com eles em pelo um dos três cativeiros onde ficaram - e Luciano Ribeiro dos Santos, suspeito de ter contratado Timph e Claudemir Sandoval, à pedido de Nogueira, para executarem o plano. O delegado considerou a acareação proveitosa, pois ''serviu para retificar alguns pontos da investigação''.
O próximo passo da Polícia é cumprir o mandado de prisão temporária contra Claudemir Sandoval, que enviou carta à Polícia há duas semanas confirmando sua participação. Barroso acredita que até a semana que vem deverá concluir o inquérito para remetê-lo ao Ministério Público.
Celso Garla saiu do depoimento sem dar declarações. O advogado dele, Abraham Lincoln de Souza, rebateu qualquer possibilidade de envolvimento de seu cliente no sequestro. ''Ele está sendo vítima duas vezes: primeiro porque sequestraram seu filho e agora por essa acusação'', afirmou.
Ele disse acreditar que o indiciamento aconteceu por ''cautela do delegado'', que não poderia desprezar o depoimento de um réu confesso. ''A única coisa que existe (contra Celso Garla) é o depoimento do Décio'', garantiu.
Souza disse ainda que o único vínculo de Garla com Nogueira era a locação da sala, cujo contrato havia sido assinado há cerca de um ano. A defesa também garantiu que seu cliente jamais se colocou como negociador durante o sequestro. ''Meu cliente tem uma situação financeira estável e invejável, por isso foi vítima desse sequestro'', concluiu Souza.