O soldado Nilton Hasse confessou à Justiça ter disparado à queima-roupa contra o adolescente Ânderson Froese de Oliveira, de 17 anos, durante uma abordagem policial no dia 2 de novembro do ano passado, em Curitiba. Na ocasião, Hasse e o cabo Afonso Odair Konke, que realizaram a abordagem, sustentaram a versão de que Ânderson teria reagido a tiros à chegada dos policiais, e que o adolescente teria morrido após levar um tiro na cabeça durante o tiroteio.
Em depoimento à Justiça no dia 14 de fevereiro, Hasse explicou que Ânderson e outro adolescente chamado Amilcar foram avistados pelos policiais enquanto pichavam o muro de uma empresa no Bairro Parolin. A descrição dos adolescentes batia com a de dois assaltantes procurados pelo assalto a um restaurante no Bairro Água Verde. Os policiais então ordenaram que os jovens encostassem as mãos no muro para serem revistados.
Segundo a versão de Hasse, o disparo que atingiu a cabeça de Ânderson foi acidental. O soldado estaria com a arma encostada na cabeça do jovem e com o dedo no gatilho quando a arma disparou. Ânderson morreu na hora.
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Hasse confirmou ter adulterado a cena do crime juntamente com Konke, em uma tentativa de disfarçar o acontecido. Uma arma apreendida durante outra abordagem dos policiais no mesmo dia foi utilizada para efetuar disparos contra a viatura policial, e a arma foi colocada posteriormente na mão de Ânderson. Depois disso, o corpo de Ânderson foi colocado dentro da viatura e os policias seguiram para o hospital juntamente com Amilcar, em vez de chamar as ambulâncias do Siate, como é a prática em casos como esse.
Amilcar alega que durante o trajeto, sofreu tortura psicológica dos policiais para não revelar as circunstâncias do assassinato. Em depoimento à Vara da Infância e Adolescência, Amilcar sustentou a versão dos policiais de que os dois teriam cometido um assalto e teriam reagido atirando à chegada da viatura policial.
Hasse e Konke estão detidos desde o dia 14 de novembro no Batalhão de Guarda da Polícia Militar (PM). Após terem sido culpados pelo Inquérito Policial Militar (IPM) instalado para averiguar o caso, o soldado e o cabo respondem agora à ação penal solicitada pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC). Os dois respondem por homicídio doloso, danos ao patrimônio público (pelos tiros na viatura), fraude processual (tentativa de alterar a cena do crime) e tortura (intimidação de Amilcar). A Justiça irá ouvir outras testemunhas antes de marcar uma data para o julgamento.