O secretário dos Transportes, Nelson Justus, não deu garantias de que poderá cumprir as principais reivindicações apresentadas ontem à noite pelo comando de greve dos caminhoneiros no Paraná. Ele justificou que alguns pedidos dependem do governo federal. Sobre a eventual redução no preço do pedágio, que é controlado pelo governo do Estado, Justus respondeu que a questão não pode ser alterada por decisão governamental.
"Existe um contrato firmado entre duas partes (governo e concessionárias). Na oportunidade em que foi reduzido, a Justiça determinou que isso não acontecesse", alegou o secretário, referindo-se a uma decisão política tomada em 1998 que baixou em 50% o preço das tarifas, mas que foi revista judicialmente um ano depois. O coordenador do Movimento União Brasil Caminhoneiro no Paraná, Nelson Canan, disse que só depois do encontro desta tarde entre o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, e o presidente do movimento, Nélio Botelho, em Brasília, vai ser possível decidir se a paralisação continua ou não. Mesmo sem se comprometer com os pedidos, Justus se mostrou otimista em relação às negociações que vão iniciar com o governo estadual, deputados e caminhoneiros após o encontro em Brasília.
O comando do movimento apresentou a Justus uma pauta de reivindicações com sete itens. Os caminhoneiros querem tarifa de R$ 1,00 por eixo (hoje ela varia entre R$ 5,40 a R$ 8,80), cancelamento da construção de novas praças de pedágio, redução das praças existentes na BR-277 entre Foz do Iguaçu e Paranaguá, criação de tabela e preço mínimo para o frete, pesagem pelo peso bruto do caminhão, criação de uma câmara permanente de negociação da tarifa, implantação da comissão de usuários para fiscalizar e revisar os contratos com as concessionárias e redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos caminhoneiros autônomos que comprarem peças, pneus e veículos.
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A paralisação nacional dos caminhoneiros completaria uma semana ontem. Ela começou no dia 29 de janeiro, mas foi suspensa no sábado passado depois de confrontos nas estradas e promessas de negociação com o governo.
Se as propostas do governo não atenderem as reivindicações do MUBC, os caminhoneiros dizem que voltam a parar o transporte de cargas. "Se o governo não cumprir o que queremos o caminhoneiro vai ter que mudar de profissão", diz o presidente da Associação Paranaense do MBUC, André Felisberto.
As principais reivindicações nacionais do Movimento são o fim da cobrança de pedágio de caminhões até que o governo regulamente o vale-pedágio, definição de um valor básico para os fretes e maior segurança nas estradas. No Paraná, o problema mais agudo para a categoria é o alto preço do pedágio.(colaborou Emerson Cervi)