Menos poder aos marqueteiros e mais espaço para os políticos na reta final da campanha do tucano José Serra à Presidência, anunciou nesta quarta-feira o coordenador político do PSDB, deputado Pimenta da Veiga (MG). O roteiro dos programas da TV será discutido dia a dia.
- Teremos mais participação dos políticos e da militância. Mais presença visual e material de campanha. Sou solidário com os marqueteiros, mas o programa eleitoral será propositivo - disse Pimenta.
Faltando apenas 11 dias para a eleição, Pimenta admitiu a volta do presidente Fernando Henrique Cardoso à campanha. O presidente apareceu uma só vez no programa eleitoral. Descartou o interesse da coligação (PSDB e PMDB) em participar de um eventual governo do PT.
Leia mais:
Eleição de 2024 tem suspeita de fraude por transferência em massa de eleitores entre cidades
Câmara de Londrina marca nova audiência para debater o Código Ambiental
Indiciamento de Bolsonaro alavanca outras candidaturas de direita no Brasil
Bolsonaro rebate Eduardo e, mesmo inelegível, diz ser 'plano A, B e C' para 2026
- Essa proposta de Lula de participação dos tucanos na equipe econômica é inexeqüível. Quem vai compor a equipe de governo é Serra. Aguardamos surpresas agradáveis de apoios - adiantou.
A possibilidade de o PMDB se distanciar de Serra foi descartada. A queda no Ibope foi considerada insuficiente para garantir vitória de Lula no primeiro turno.
O alto comando da campanha de Serra afirma que a adesão do senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) a Lula foi considerada isolada, apesar de PT e PMDB já estarem juntos no Piauí, no Maranhão, no Amapá e em São Paulo (apoio de Orestes Quercia), e Minas Gerais (governador Itamar Franco).
- Apoios de última hora a Lula são desespero e oportunismo. Os que estão ameaçados de perder a eleição querem culpar Serra - disse Pimenta da Veiga.
A queda do tucano em um ponto no Ibope (19% para 18%), segundo diz o comando de sua campanha, foi compensada pelo crescimento em dois pontos na pesquisa da Vox Populi (17% para 19%). Este resultado teria ajudado no clima de mobilização.
- Serra vai ao segundo turno com 23% a 25% para disputar contra Lula - garantiu Pimenta.
Ele disse, ainda, que não teme o crescimento de Anthony Garotinho, do PSB, consiga desbancar Serra do segundo lugar. Nos Estados, somente no Rio, Garotinho ocupa a liderança. Já Serra é o segundo colocado na maioria dos demais.
- Garotinho é nosso aliado para garantir o segundo turno - ironizou Pimenta, ao tratar do crescimento do candidato do PSB.
Segundo seu estado-maior, Serra teria possibilidade de crescer em seis Estados: Minas, São Paulo, Pará, Rio Grande do Sul, Goiás e Pernambuco. A a tentativa de reação começa nesta quinta-feira, em Belo Horizonte, com o lançamento do programa Compromisso com Minas, para o qual se prevê a presença de 150 prefeitos, empresários e políticos.
Em entrevista desta quarta-feira, na sede do jornal Estado de S. Paulo, Serra reafirmou que, caso eleito, manterá Armínio Fraga na presidência do Banco Central. Segundo ele, o nome de Fraga e sua política econômica seriam suficientes para reverter as expectativas do mercado e baixar o dólar, que nos últimos dias atingiu sua mais alta cotação desde o Plano Real. E disse que sua política se baseará num tripé macroeconômico: manutenção do câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e cumprimento de metas inflacionárias.
Serra negou, ainda, que tivesse afirmado que o dólar subira nos últimos dias devido ao avanço da candidatura Lula. Ele também negou ter dito que a vitória do petista transformaria o Brasil numa Argentina. E explicou a alta do dólar como resultado de uma combinação de circunstâncias da economia internacional e uma análise equivocada dos países em desenvolvimento.
- Ainda tem gente que acha que a capital do Brasil é Buenos Aires.
O tucano desvinculou também os recentes sobressaltos no mercado de câmbio do presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, as oscilações do mercado têm relação mais estreita com a corrida eleitoral.
- O governo tem uma política fiscal eficiente e fez uma boa negociação com o FMI. É natural que o mercado fique tenso, querendo saber o que pensam os candidatos que têm chances de ganhar.
Serra negou, ainda, que tenha proposto um aumento de apenas R$ 11 para o salário-mínimo no ano que vem. Segundo ele, isso é mentira divulgada por adversários. Mas não quis se comprometer com um valor determinado. E acusou o candidato Anthony Garotinho (PSB) de divulgar a ''falsa proposta'' em inserções no horário eleitoral gratuito.
- Se não me engano, são cerca de 11 inserções por dia no rádio e na TV divulgando a informação, que é falsa. Estamos tentando que a Justiça tire as peças publicitárias do ar.
Serra acusou também Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de mudar de discurso segundo a platéia.
- Tem o PT que quer tranqüilizar o mercado, tem o PT que quer agradar ao MST, aos sindicatos, e aí o discurso vai variando.