Após 33 horas de sessão ininterrupta, os vereadores de Campinas encerraram no fim da tarde desta quarta-feira (21) a leitura de 1.440 páginas do processo de impeachment contra o prefeito da cidade, Demétrio Vilagra (PT). A expectativa dos parlamentares era de que os trabalhos na Câmara Municipal levariam pelo menos mais cinco horas para serem encerrados. Cada um dos 33 vereadores teria direito a 15 minutos de discurso e a defesa do prefeito, duas horas.
Esse é o segundo julgamento de cassação contra um chefe do Executivo de Campinas em quatro meses. Em 20 de agosto, o então prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), o Dr. Hélio, foi afastado do cargo. A maioria dos vereadores campineiros votaram pela condenação do então prefeito por improbidade administrativa. Naquela ocasião, a leitura do processo contra Dr. Hélio durou 54 horas.
Vilagra foi eleito vice-prefeito na chapa de Dr. Hélio, que fora reeleito em 2008 e chegou a alcançar quase 80% de aceitação popular na cidade. Mas a crise em seu governo começou em maio, quando o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Publico Estadual e a Corregedoria da Polícia Civil cumpriram 20 mandados de prisão contra secretários, agentes públicos e empresários. Entre os envolvidos estavam o próprio Vilagra e a então primeira-dama, Rosely Nassin, que era chefe de gabinete do prefeito e seria a chefe da organização criminosa.
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Pela investigação do MP, todos estavam envolvidos em um esquema de corrupção com desvio de dinheiro e cobrança de proprina para liberação de contratos publicos da autarquia Serviço de Abastecimento e Saneamento de Água (Sanasa). O esquema começou a ser descoberto após a delação premiada do ex-presidente da autarquia, Luiz Castrillon de Aquino, que contou ao Ministério Público e à Justiça como os desvios ocorriam. O depoimento de Aquino foi a peça-chave usada pelos vereadores tanto na Comissão Processante que levou ao impeachment de Dr. Hélio quanto no atual processo contra Vilagra.
Se o prefeito for cassado, quem assumirá o cargo é o presidente da Câmara, Pedro Serafim (PDT), que deve convocar eleição para um mandato-tampão, que se encerraria no fim de 2012.