A dificuldade de conciliar as obrigações do mandato com as atividades de campanha pode levar alguns deputados estaduais a pedir licença sem vencimentos. A informação é do presidente da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, Ademar Traiano (PSDB), que contou já ter recebido algumas sondagens. Por enquanto, não houve solicitação formal à Mesa Executiva. Conforme o regimento interno da Casa, os parlamentares afastados "para tratar de interesses particulares" ficam sem os salários, atualmente em R$ 25,3 mil, entretanto, ainda podem manter a estrutura de gabinete. Os suplentes só assumem caso a vacância ultrapasse 120 dias.
Pelo menos sete dos 54 membros da AL são candidatos ou pré-candidatos a prefeito no Estado: Maria Victória (PP), Ney Leprevost (PSD), Requião Filho (PMDB) e Tadeu Veneri (PT) em Curitiba; Chico Brasileiro (PSD) em Foz do Iguaçu (Oeste); e Paranhos (PSC) e Márcio Pacheco (PPL) em Cascavel (também Oeste). Como as convenções partidárias e, consequentemente, as conversas em torno de apoios, acontecem até sexta-feira, o quadro ainda pode mudar.
"Nenhum formalizou. Mas tive a informação de que poderão sim fazer; me parece que o Requião sinalizou. Em relação aos demais, não tenho conhecimento. Foram conversas que aconteceram", despistou Traiano. O primeiro turno dos pleitos municipais ocorre em 2 de outubro, enquanto a campanha, com duração de 45 dias, começa em 16 de agosto.
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Apesar de citado pelo chefe do Legislativo, o peemedebista garantiu que não suspenderá as ações na AL. Ele ocupa a liderança da oposição ao governador Beto Richa (PSDB). A bancada conta também com Veneri, outro que conciliará os dois compromissos. O mesmo respondeu Maria Victória, cuja confirmação da candidatura está prevista para amanhã. Ney, por outro lado, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "está avaliando" e que pretende se posicionar na semana que vem. Em 2014, quando concorreu à reeleição na Assembleia, ele se licenciou do cargo, alegando não querer "misturar trabalho de gabinete com compromissos eleitorais". Na época, determinou que seus servidores que desejassem integrar a campanha ou antecipassem suas férias ou fossem exonerados.
Dependendo de voos ou de viagens longas de carro para visitar as "bases", os deputados do interior vivem situação mais complicada. Traiano adiantou que em agosto as sessões das quartas-feiras serão antecipadas para o período da manhã, o que em parte facilita o deslocamento. Ainda assim, a "maratona" preocupa. "É difícil porque eu moro no extremo do Paraná, que é Foz. Os voos hoje estão muito difíceis e praticamente nós temos que ficar três dias em Curitiba, o que pode comprometer muito o processo eleitoral", argumentou Chico. De qualquer forma, ele disse que a decisão só será tomada na sexta-feira.
Paranhos e Pacheco, que polarizam a disputa em Cascavel, ainda não confirmam que caminho seguir. O primeiro contou, via assessoria, que se pedir afastamento será mais para o fim da campanha. Já o político do PPL falou que, enquanto conseguir dar suporte as duas funções, manterá tudo como está. "É evidente que, quando você vem para cá (Curitiba), acaba tendo um prejuízo político e eleitoral lá (Cascavel). Mas tenho o mandato e vou tocando até onde aguentar", resumiu. A tendência, nestes casos, é de que a busca de votos aconteça mais no rádio e na televisão do que nas ruas.
PRESENÇAS
Na sessão de ontem, dos sete candidatos a prefeito, às 15h40 apenas três se encontravam no plenário: Pacheco; Veneri e Requião. Os demais apareceram dez minutos depois, quando começou a votação da ordem do dia, isto é, da pauta. A reunião deliberativa estava marcada para as 14h30. Foram aprovadas nove proposições, incluindo a 7/2016, que reajusta a gratificação de algumas categorias da Defensoria Pública; a 31/2016, de Felipe Francischini (SD), estabelecendo regras para o serviço de fornecimento e aluguel de máquinas de cartão de crédito e débito; e a 97/2016, de Marcio Pauliki (PDT), que regulamenta a equoterapia e a equitação no Regimento da Polícia Montada. As outras dizem respeito a homenagens, como concessão de títulos de utilidade pública e inserção de datas no calendário oficial.