O apresentador de TV Márcio Mello revelou na última sexta-feira à Comissão de Investigação da Universidade Estadual de Londrina (UEL) supostas ligações entre o reitor da Jackson Proença Testa e o ex-prefeito de Londrina Antônio Casemiro Belinati (sem partido), atualemente sob custódia no 2º Distrito Policial de Londrina.
Segundo informações da Rádio CBN/Londrina, Mello relatou que em junho de 1996 obteve apoio da Universidade para a realização de um evento no Jardim Santa Rita, o que ele denominou de "Festão no Santa Rita". O apresentador de TV afirmou que a festa, realizada no dia 14 de junho daquele ano, teve apoio da Associação de Moradores do bairro e da UEL, que cedeu a Orquestra Sinfônica da Universidade para uma apresentação gratuita.
Instalou-se um grande palco com sistema de som e luz, com "suspeita flagrante de superfaturamento", denunciou Mello à Comissão. Uma nota fiscal referente ao aluguel do telão usado no dia teria custado muito mais do que o preço de mercado, segundo o apresentador: "Com R$ 300 alugaria o mesmo equipamento" disse à reportagem da CBN.
Mello acrescentou que estranhou a atenção especial que a UEL direcionou ao evento: "Era muito mais do que eu tinha ido pedir. E olha que eu só fiz um pedido verbal". O contato , segundo ele, foi feito com um professor da UEL, que coordenou as atrações para a festa no bairro.
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O reitor Jackson Proença Testa na época era filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), o mesmo que congregava o então candidato a prefeito Belinati. Mello contou à Comissão que Testa usou o microfone durante a festa para se pronunciar, alegando que o evento fazia parte de um projeto de divulgação da UEL. No dia anterior à festa, no dia 13 de junho de 1996, o ex-prefeito Antônio Belinati, a vice-governadora Emilia Belinati e a filha do casal, Cíntya Belinati (na época candidata a uma vaga no Legislativo Londrinense) estiveram presentes no bairro apresentando as suas propostas à comunidade local.
A Comissão de Investigações da UEL, formada por 7 membros do Conselho Universitário, deve entregar seu relatório no próximo dia 3 de agosto. A Comissão investigou alguns setores da Universidade e não obteve todos os documentos solicitados. A previsão é de que novas comissões sejam formadas para investigar novas suspeitas, como essa que Mello revelou na última sexta-feira.
O reitor Jackson Proença Testa não foi encontrado pela reportagem do Bonde para comentar a denúncia de Mello. Ele estaria viajando desde sexta-feira de manhã, já que atualmente goza férias do seu cargo na UEL.
Após anos de ligação com Belinati, Testa se filiou ao PSDB local, partido que congrega o maior rival de Belinati na região, o deputado federal Luiz Carlos Hauly. Segundo uma fonte da UEL, Belinati se separou de Testa em 1998, pois "Jackson estava ganhando renome como reitor da UEL e poderia se lançar como deputado estadual ou prefeito, o que atrapalharia os planos de Belinati". O funcionário da UEL, que não quis se identificar, disse ainda que Testa até trocou a operadora do seu telefone celular: "Testa diz que é contra a venda da Sercomtel Celular, mas tem telefone da Global Telecom. Ele tinha medo do Belinati grampear o celular que era da Sercomtel, pois Belinati fazia isso com os seus secretários". Ainda segundo o funcionário da UEL, o ex-chefe de gabinete Itaicy Wagner Mendonça tinha três aparelhos da Global, "pois também temia o grampo de Belinati".
O ex-prefeito Belinati não pode se comunicar com a imprensa pois está preso no 2º Distrito Policial de Londrina. Itaicy Mendonça não foi encontrado pela reportagem.
Leia mais sobre o caso UEL na Folha de Londrina/Folha do Paraná durante a semana