O Bonde conversou com os três deputados federais de Londrina para saber a posição deles em um provável processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). A denúncia de crime de responsabilidade protocolada contra a petista foi aceita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), e deve ser analisada por uma comissão especial, ainda a ser formada pelos parlamentares, a partir desta segunda-feira (7). O grupo vai emitir um parecer ao pedido de impeachment e decidir se o processo será ou não apreciado pelos deputados no plenário da Câmara.
Tanto Luiz Carlos Hauly (PSDB) quanto Marcelo Belinati (PP) afirmaram ser a favor do impeachment da presidente Dilma. "Ela está destruindo o país e precisa sair por razões de segurança nacional", declarou o tucano.
Ele garantiu, ainda, que o processo tem sustentação legal. "Está tudo comprovado. Tem decisão do Tribunal de Contas da União contra as 'pedaladas fiscais' do governo, e os decretos editados (que liberaram crédito extraordinário) sem a aprovação do Congresso. O crime de responsabilidade é claríssimo", argumentou.
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Questionado se concordaria com o apoio do PSDB a uma possível gestão do vice-presidente Michel Temer (PMDB), Hauly foi cauteloso: "Claro que seríamos mais tolerantes com ele, mas acredito que não podemos fazer parte desse novo governo".
Na opinião do deputado, os tucanos vão precisar ajudar Temer a criar um "pacto nacional de reconstrução do país". "A economia está destruída, a máquina inchada, o gasto público tendo déficit de até 9,5% do PIB... É preciso de um trabalho hercúleo e suprapartidário em prol do país", destacou.
"Conjunto da obra"
Já Belinati disse ser a favor do impeachment de Dilma pelo "conjunto da obra". "Os fatos todos que aconteceram ao longo desses anos, de problemas com a economia e denúncias de corrupção, são da maior gravidade, e, baseado nisso, o meu posicionamento é favorável", explicou.
O deputado adiantou que ainda não teve acesso ao pedido de impeachment, e garantiu que pretende analisar todos os pontos apresentadas por defesa e acusação caso o processo vá a plenário. "Precisamos de cautela para avaliar o envolvimento direto da presidente em todos esses problemas", observou.
Belinati é do PP, partido que integra o governo Dilma. Ele lembrou, entretanto, que a legenda está dividida no país. "No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o partido é situação. Já no Sul e no Sudeste, temos a possibilidade de escolher se vamos apoiar ou não o governo", explicou.
O parlamentar afirmou, ainda, não acreditar que o partido vai emitir uma recomendação geral aos seus integrantes sobre como votar no processo de impeachment, justamente por conta dessa divisão. "Acho muito difícil a legenda querer forçar algo. Claro que respeito a opinião do partido, mas respeito ainda mais a opinião da sociedade", resumiu.
"Voto com o país"
Alex Canziani (PTB), por sua vez, preferiu não revelar como deve votar. "Prefiro aguardar um pouco para ver qual vai ser a posição do meu partido", afirmou, dando a entender, entretanto, que analisa a possibilidade de votar favoravelmente ao afastamento de Dilma. "A situação política e econômica do país está piorando cada vez mais. Vou votar com o meu país", declarou.
O deputado disse acreditar, ainda, "que o processo de impeachment vai a plenário de qualquer maneira, independentemente da análise da comissão especial".