O governador Jaime Lerner (PFL) disse ontem à tarde que o governo vai conseguir "com absoluta certeza" prorrogar o prazo para resgate das ações da Copel, que vence no dia 31 de dezembro, ou seja, sete dias úteis. Lerner afirmou que o controle acionário da estatal ficará com o governo. "A posição do governo é correta e seremos atendidos na prorrogação", disse, após solenidade para comemorar a emancipação política do Paraná.
Sem querer falar no assunto, Lerner se limitou a dizer que a negociação de ampliação do prazo está sendo conduzida com o Itaú pela Secretaria da Fazenda. "As negociações já estavam previstas desde a época da privatização (do Banestado)", declarou. Ele chegou a afirmar que o assunto é "pacífico e tranquilo". Segundo Lerner, o governo dá as garantias necessárias ao resgate.
Pela manhã, o governador havia dito que o risco do Paraná perder as ações para o Itaú, novo controlador do Banestado, era "boato". O governo precisará desembolsar R$ 233 mihões para resgatar as ações. Este valor considera que Pernambuco já fez o resgate dos títulos públicos correspondentes no valor de R$ 117 milhões. "Vocês não deviam dar ouvido a tudo", rebateu Lerner irritado com as perguntas da imprensa sobre o assunto.
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As ações da Copel foram dadas pelo governo ao Banestado como garantia numa operação com títulos públicos, em 1998. Os títulos no valor de R$ 350 milhões foram comprados pela Banestado Corretora, em 1996, de Alagoas, Pernambuco, Santa Catarina e municípios de Osasco e Guarulhos. Em 97, a CPI dos Precatórios descobriu que os títulos eram fraudulentos e representariam um "mico" para quem os comprasse. Entrevistados pela Folha, na semana passada, as administrações estaduais e municipais informaram que não vão recomprar os títulos, confirmando a acusação da CPI.
O governo do Paraná vive um impasse com relação aos papéis. Pela manhã, o secretário da Fazenda, Ingo Hubert, se reuniram com Lerner para discutir o caso das ações. Ingo está convicto de que o Itaú aceitará a prorrogação do vencimento da garantia por pelo menos 12 meses. O Itaú ainda não se manifestou sobre o assunto. O Banco Central também não deu resposta ao governo do Paraná que fez uma consulta se poderia ou não renegociar a operação financeira.
Pouco à vontade para tratar do assunto, o governo quer evitar desgaste perante a opinião pública. Uma das estratégias foi decidir convidar o ex-governador Jayme Canet Júnior para integrar a comissão de privatização da Copel, marcada para outubro de 2001. Canet foi o principal crítico do governo do Estado na semana passada, durante reunião na Associação Comercial do Paraná para discutir a perda do controle acionário da Copel. (Colaboraram Maigue Gueths e Carmem Murara)