Candidato da Federação PSDB/Cidadania, Nelson Villa vai para sua primeira eleição após mais de 30 anos como policial militar
O candidato Coronel Villa (PSDB), nome da Federação PSDB/Cidadania para a Prefeitura de Londrina, vai para sua primeira eleição após mais de 30 anos atuando como policial militar. Ele é o segundo entrevistado da sabatina do Grupo Folha de Londrina com os prefeituráveis, que segue até 12 de setembro. A versão em videocast está disponível no canal da Folha de Londrina no YouTube.
Villa acredita que sua experiência como comandante da 4ª Companhia Independente e do 5° BPM (Batalhão de Polícia Militar) é suficiente para administrar a cidade. Ele defende um “choque de gestão” e a informatização de setores da Prefeitura. Para moradias populares, pensa em criar um Fundo Municipal de Habitação - e projeta a construção de mil residências por ano.
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O candidato ainda propõe um trabalho integrado para atender à população em situação de rua e quer “preparar o terreno” para a instalação de grandes indústrias em Londrina.
Confira parte da entrevista:
Por que o senhor quer ser prefeito de Londrina?
Eu sou londrinense, sempre amei minha cidade. Quando fui para a Escola de Oficiais, em 1991, minha pretensão era um dia poder voltar para comandar as unidades e subunidades daqui. Felizmente, consegui. Vim para cá, retornei à cidade e, a partir de então, dediquei a minha vida à cidade de Londrina, sempre pensando em um serviço de melhor qualidade para atender à população. [Como comandante] eu sempre vinha a público, dei transparência às ações policiais e atendi de perto a imprensa, demonstrando que esse é um perfil que com certeza se manterá na Prefeitura de Londrina. O coronel Villa, sendo prefeito, sempre estará atendendo à imprensa e dando transparência à Prefeitura de Londrina, observando o princípio da publicidade que é constitucional e que nem sempre, lamentavelmente, estamos vendo ocorrer no serviço público.
Coronel, o senhor acumula vários anos de gestão dentro da PM. Essa experiência é suficiente para governar Londrina?
Claro que sim. Em uma prefeitura, o prefeito tem como seus assessores, que seria o Estado-Maior na PM, os seus secretários. Assim sendo, ele tem que ter um bom time, um bom staff. Nós temos, por exemplo, no batalhão da PM, setor de pessoal, de legislação, de informação, de planejamento, de coleta de dados para aplicação estratégica do policiamento, temos um setor de logística que é enorme, abrange manutenção de viaturas, alimentação para os policiais, fardamento, armamento, diárias e licitações. Ou seja, eu tenho essa experiência. Assim sendo, observe que nenhum dos outros candidatos tem essa experiência administrativa. Experiência administrativa que exerço desde quando entrei na PM.
A Guarda Municipal assumiu uma série de atribuições nos últimos anos e hoje tem ‘cara de polícia’. Quais são seus planos para a GM e como pretende trabalhar com os agentes?
Eu sou uma pessoa extremamente legalista, constitucionalista, sou formado em Direito e, portanto, tenho conhecimento técnico nessa área. Entendo que a GM deve ser aplicada naquelas funções que a Constituição prevê. O serviço da GM não se confunde com o serviço prestado pela PM. O que nós temos que respeitar? Algumas pessoas dizem: ‘Vamos tirar o poder da polícia da Guarda Municipal, não pode prender’. Isso é conversa. Todo cidadão pode, a autoridade policial e seus agentes, está no Código de Processo Penal, devem prender quem esteja em flagrante delito. Vale dizer, a GM, que ainda não é denominada Polícia Municipal, mas pode vir a ser em um futuro próximo, ela pode, porque é uma força ostensiva também, prender quem esteja em flagrante delito. A saída não é retirar o poder de polícia da GM, é dar condições. E temos que incrementar. Hoje nós temos uma defasagem, temos 158 guardas municipais para serem chamados, já aprovados. E como a GM vem dando apoio a uma vasta série de funções, que muitas vezes não foram previstas na sua criação, ela precisa ser valorizada e fortalecida.
Candidato, a única citação que seu plano de governo faz sobre cultura é o Londrina Show, que são campeonatos artísticos transmitidos na internet. O senhor acredita que isso é suficiente como política cultural?
O plano de governo é algo que tem que ser versátil e democrático. Na verdade, trata-se de uma minuta de plano de governo, que muitas vezes não abrange tudo. Em relação à cultura, por exemplo, eu sou músico. Eu toco desde os nove anos. Toquei em banda, me apresentei em barzinho. Até como oficial fazia, de vez em quando, alguma apresentação em bares. Eu sou o tipo de pessoa que tem sensibilidade musical. E eu acho que Londrina carece desse tipo de evento. Nós temos inúmeros espaços. Nós temos um Anfiteatro do Zerão, que é lindo, mas subutilizado. Na verdade, ninguém apresenta mais nada lá. Nós temos uma Concha Acústica que está subutilizada. Nós andamos pelo Calçadão de Londrina e temos um Calçadão triste, sem musicalidade. Nós tínhamos um coreto no Calçadão que era um espaço sensacional para que nós tivéssemos espetáculos, apresentações musicais. Nós tínhamos, recentemente, um Festival Internacional de Teatro, não que nós não tenhamos, mas que era repleto de atrações e vinha gente do mundo todo para Londrina. Tínhamos um Festival de Música, que reunia pessoas para aprenderem novas técnicas musicais em toda a cidade, com inúmeras apresentações, inclusive dentro de ônibus. Quem é o responsável por fazer a catalisação disso para o serviço público, para a apresentação ao público? É a Prefeitura. Temos que voltar a fazer festivais de música inédita, premiando aqueles que eventualmente tenham músicas boas, e motivando que esse mercado da música cresça na cidade de Londrina. Então, temos esse planejamento.
Especificamente sobre equipamentos como os teatros Municipal e Zaqueu de Melo, e o Museu de Artes, o senhor acredita que é possível colocá-los em funcionamento a partir da próxima gestão?
Claro, eles estão aí. Vamos pegar, por exemplo, o Teatro Zaqueu de Melo. Está abandonado. Nós precisamos reformular aquilo. Dar vida àquele teatro, ao Zaqueu de Melo. Nós precisamos utilizar, inclusive, os espaços particulares.
O senhor fala em valorizar o SUS com programas de Atenção Básica preventiva. Também quer aumentar salários, construir novas unidades de saúde, contratar mais concursados… de onde obter recursos para isso?
Temos que buscar recursos também no Estado e na União. É fundamental que nós consigamos isso. Nós temos em Londrina aproximadamente 9,5 a dez mil funcionários públicos, em uma cidade que tem 550 mil habitantes. Em Maringá, temos quase 13 mil funcionários públicos. Não é que eu pretenda aumentar o número de funcionários, mas temos que atender no mínimo às demandas que a contratação de funcionários públicos torna exigível. Então, temos que fazer um choque de gestão e, de acordo com o orçamento, avaliar a possibilidade de implementação disso e fazer. Agora, veja só um contrassenso. Estamos falando que não temos dinheiro para a construção de novas unidades, mas estamos construindo as UPAs Norte, Leste e Sul. A Prefeitura fala que nas UPAs Sol e Sabará temos pelo menos dez médicos para atender às pessoas. Se construirmos três UPAs com a mesma estrutura, teremos que ter, invariavelmente, dez médicos para atender as unidades. Não seria melhor se nós investíssemos na Atenção Básica, nas UBS? Entendo que em vez de investir na emergencialização, que também é importante, você tem que investir na Atenção Básica, na prevenção, para evitar que essas pessoas vão para a UPA e formem aquelas filas enormes. Além disso, tenho uma proposta de informatização da Prefeitura. Veja, se eu precisar de um relatório agora da UBS da Vila Portuguesa, por exemplo, tenho que mandar buscar. Isso não cabe mais, a nossa cidade tem que ser inteligente, tem que ser conectada. Eu como gestor, como prefeito, tenho que ter acesso aos dados da minha UBS dentro da minha sala, para poder fazer um gerenciamento efetivo.
Nos últimos anos houve um crescimento da população em situação de rua em Londrina. Qual é sua proposta para lidar com essa questão?
A proposta é estabelecer um sistema de integração. Não tem essa coisa que o secretário não quer ir, o secretário tem que estar presente acompanhando as ações mais críticas da Prefeitura. Temos que ter juntos Polícia Civil, para prender o receptador, PM, para fazer prevenção, GM, para cuidar dos próprios públicos, Saúde, para dar encaminhamento aos dependentes químicos, e Assistência Social para fazer uma triagem e, se for o caso, devolver essas pessoas, observado todo o processo exigível, para as suas famílias.
Londrina possui muitas ocupações irregulares e tem uma demanda grande por moradia popular. Qual será seu atendimento a essa questão e qual será a finalidade da Cohab na ampliação de habitações populares?
Londrina não constrói uma casa popular há anos. Temos um fundo chamado Fundo de Compensação de Variações Salariais. São R$ 30 milhões que estão represados na Caixa Econômica, que são de gerência do governo federal, mas que são ativos pertencentes ao município. Pretendemos fazer um Fundo Municipal de Habitação. A primeira medida é conseguir essa interlocução com o governo federal para conseguir esse dinheiro, esses R$ 30 milhões da Caixa, que já pertencem ao município e que não foram disponibilizados. Além disso, temos que prever no orçamento do município, pelo menos, R$ 30 milhões para compor esse fundo. Temos que buscar, porque isso é um problema que interessa aos governos federal e estadual, a participação deles nesse contexto. Lá no setor Sul, depois dos condomínios, temos alguns terrenos que são da Prefeitura, são 60 mil metros quadrados de terreno, com um valor aproximado de R$ 65 milhões. Todo esse dinheiro pode vir a compor o Fundo Municipal. A ideia do José Hoffmann [candidato a vice-prefeito] é que nós construamos pelo menos mil unidades habitacionais por ano. Sabe quanto isso vai ficar para o contribuinte? Nada, porque as casas serão disponibilizadas a título de direito real.
Londrina é uma cidade com serviços e comércios fortes, mas a remuneração tende a ser menor nesses setores. Qual a sua proposta para aumentar a renda do londrinense e para atrair indústrias para a cidade?
Temos que preparar o ambiente para a indústria. Nós temos a região onde vai ser construído o Contorno Leste, uma região ampla que vai ter um aeroporto com ILS, vai ter a rodovia, uma ferrovia já instalada para remessa da produção para os portos de Santos e de Paranaguá, e é um lugar amplo e adequado para instalação de empresas, mas de indústrias de cadeia longa de produção. São indústrias maiores, que têm maior dificuldade depois de sair daqui caso queiram e elas vão empregar muita gente. Elas iniciam o processo de aquisição da matéria prima, iniciam a produção, terminam e mandam para fora ou deixam aqui mesmo na cidade. Também quero indicar uma pessoa com experiência em empreendedorismo e colocá-la na Codel.
Candidato, um desafio para o próximo prefeito será diversificar a arrecadação do município, que hoje é dependente do IPTU. Qual estratégia o senhor tem em mente para aumentar o caixa da Prefeitura?
Aquecimento da economia, não adianta você aumentar imposto. Quando você cria uma grande indústria, de cadeia longa de produção, naturalmente você vai ter outras pequenas indústrias no entorno dela. Vai criar mais comércio, mais habitação, mais moradia, o fluxo de dinheiro vai ser maior, o fluxo de riquezas vai ser maior, a geração de receita para o município aumenta com produtividade. O resultado desse valor a mais que vem em decorrência do aquecimento da economia você aplica na própria cidade e ela vai se desenvolver. Temos que dar atendimento aos microempreendedores, que são muitos e para isso temos que desobstruir a Prefeitura. Quando você vai com o microempreendimento, o médio e até com o grande, na Prefeitura tentar conseguir o alvará, o processo é muito moroso, atrapalha o desenvolvimento da cidade. Eu falei de informatização. A informatização tornaria esse processo mais objetivo e menos subjetivo, porque hoje as pessoas despacham na mão.
O turismo é um setor valorizado em Londrina, mas muitos parques ambientais estão parcial ou totalmente fechados. Como resolver esse problema?
Quando você vai para o Rio de Janeiro, para São Paulo, para os Estados Unidos, o que você faz antes de viajar? Consulta o portal da cidade para fazer o planejamento do que você vai fazer. Londrina é uma cidade maravilhosa, mas não há um portal de turismo. Pretendemos fazer a exploração econômica dos lugares públicos. Pretendo restaurar no Calçadão uma zona gastronômica e fazer outros investimentos também da iniciativa privada em lugares públicos, observadas as limitações de meio ambiente, sustentabilidade, e as limitações impostas por leis e pelo Ministério Público.
E o Marco Zero?
Temos que reformular, tornar aquilo um lugar bacana, fazer, talvez, um posto da GM, para que nós revitalizemos para que possa ser explorado pela comunidade local e tornar aquilo uma referência na cidade de Londrina. O que não pode é deixar tal como está.
CONFIRA O VÍDEO:
VEJA A SABATINA FOLHA/BONDE COM BARBOSA NETO: