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Caso Banestado

CPI do Banestado tem fitas que incriminam Araucária

Bonde, com informações da Agência Câmara
20 ago 2003 às 15:46

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A CPI Mista do Banestado ouviu na última quarta-feira a ex-diretora de operações cambiais do extinto Banco Araucária Ruth Bandeira de Almeida e o ex-presidente da instituição, Alberto Dalcanalle Neto, que depôs pela segunda vez na CPMI.

Parlamentares afirmam que já existem provas suficientes para pedir a prisão preventiva do ex-presidente, com base nas gravações telefônicas reproduzidas durante o depoimento de Dalcanalle Neto.

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As fitas mostram conversas entre o ex-presidente do Araucária com supostos doleiros e revela detalhes de operações financeiras feitas por meio de "laranjas". Apesar das evidências, Dalcanalle Netto negou que o banco operava com "laranjas" e questionou a legalidade do material gravado apresentado de CPMI. O presidente da Comissão, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), garante a procedência das provas.

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O depoimento da ex-diretora Ruth Bandeira também foi marcado por contradições. O banco paranaense foi liquidado pelo Banco Central em 2001 e é acusado de ter enviado ilegalmente 3,5 bilhões de dólares (cerca de R$ 10,5 bilhões) por meio de contas CC-5 para uma agência do Banestado em Nova Iorque. Apesar de ter assegurado que a instituição financeira nunca trabalhou com laranjas nem com doleiros, gravações telefônicas entre Ruth Bandeira e um possível doleiro paraguaio mostram o contrário.

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O diálogo cheio de códigos levantou a suspeita sobre a legalidade das operações cambiais. A ex-gerente do Araucária diz não se lembrar das conversas e que os supostos códigos são, na verdade, gírias do mercado de operações de câmbio.


A CPI apresentou ainda fita com uma reportagem veiculada pela TV Record em que são mostrados trechos de conversa entre Ruth Almeida e Augusto, operador da Real Câmbio - empresa localizada em Cidade do Leste, Paraguai.

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O vídeo mostra que a ex-gerente do Araucária está realizando uma operação de compra e venda de câmbio sobre a qual ela afirma que não vai prestar contas ao Banco Central para não correr riscos. Ela também diz ao operador de câmbio que era necessário manipular a operação para que não houvesse suspeitas de sua irregularidade.


O banco Araucária realizava operações de câmbio em Foz do Iguaçu com autorização especial do Banco Central. A autorização do BC causa estranheza porque o Araucária contava com apenas duas agências e, entre 1996 e 1999, movimentou mais dinheiro com operações de câmbio e emissão por meio de contas CC5 do que bancos de grande porte, como o Banco do Brasil. O Araucária também não possuía nenhuma agência em Foz do Iguaçu, o que era uma exigência prévia do Banco Central.

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Ruth afirma que recebeu a autorização do BC em razão da transparência de sua administração e dos registros claros das movimentações financeiras. Segundo ela, a transparência dos documentos do banco é notória, tanto que grande parte do material utilizado pela CPI vem do banco Araucária.


Em relação ao fato de o banco não possuir agência em Foz do Iguaçu, Ruth afirma que ainda assim a autorização foi possível porque o banco já vinha realizando essas operações por meio da matriz, em Curitiba, também com autorização especial do Banco Central.

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De acordo com Ruth, a liquidação do banco, que ocorreu em março de 2001, não tem qualquer relação com irregularidades em operações de câmbio, mas ocorreu em razão do déficit de R$ 1,2 milhão - e não de R$ 1 bilhão, como a Imprensa tem noticiado.


Em 30 minutos de depoimento, a ex-diretora negou por várias vezes que o Araucária tivesse alguma "conta-laranja", destinada à remessa ilegal ou lavagem de dinheiro do crime organizado. De acordo com Ruth, relatório feito por técnicos do Banco Central em 1997 afirma não haver qualquer irregularidade na instituição.

A ex-diretora questiona à CPI por que apenas o Araucária tem sido alvo de tantas investigações, se cinco bancos conseguiram a mesma autorização do Banco Central para receber em espécie valores superiores a R$ 10 mil em contas CC-5.


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