O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) disse nesta terça-feira que "jamais" teve qualquer atuação no esquema de jogo ilegal do contraventor Carlinhos Cachoeira. Ao longo de duas horas de depoimento ao Conselho de Ética da Casa, Demóstenes tem feito questão de rebater uma a uma as acusações de que, como sócio oculto de Cachoeira, teria atuado em defesa dos interesses do contraventor.
"Eu jamais tive participação em qualquer esquema de jogo ilegal", disse. Em sua defesa, Demóstenes citou entrevista da subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques ao jornal O Estado de S. Paulo em que ela disse que não havia elementos para investigá-lo perante o Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com jogos de azar, patrocinado por Cachoeira. Demóstenes admitiu ter recebido o Nextel do contraventor, mas, citando novamente a subprocuradora, disse que o fato "não é crime".
O senador disse que nunca foi "lobista" da liberação dos bingos, proposta que está em tramitação na Câmara dos Deputados. Grampos telefônicos feitos na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, sugeriram a atuação do parlamentar. "O projeto continua onde sempre esteve", disse. "Digo aos senhores: que lobista sou eu que não procurei nenhum colega para aprovar a legalização de jogo?", disse.
Leia mais:
Xi Jinping dá pedaço da Lua a Lula em jantar no Itamaraty
Moraes marca depoimento de Cid no STF após PF apontar omissões de militar
Projeto de concessão da Praça da Juventude da ZN de Londrina é arquivado
Vereadores de Londrina aprovam projeto que regulamenta uso de diárias
Demóstenes afirmou que não voou em nenhum táxi aéreo pago por Cachoeira ou alguém do grupo dele. Um diálogo da PF aponta que um fretamento de R$ 3 mil teria sido pago por Cachoeira. Mas o parlamentar disse que a conversa, truncada, foi transcrita de "forma errônea".
O senador confirmou que esteve na Europa com o ministro do STF Gilmar Mendes. Segundo ele, os dois se encontraram em Praga e depois foram a Berlim, onde a filha de Mendes estuda. Ele negou ter viajado à custa de Cachoeira e admitiu ter usado o avião do empresário Rossine Aires Guimarães, quando retornou ao Brasil. "Utilizei aviões de diversas pessoas no estado de Goiás. Não do senhor Carlos Cachoeira, porque ele não tinha avião e não pagou para mim", afirmou.
Demóstenes admitiu ter atuado em defesa do laboratório Vitapan, da família de Cachoeira. Mas disse que fez lobby para todas as empresas do ramo farmacêutico do estado. "Jamais participei de esquema de jogo ilegal", disse Demóstenes. Ele também reconheceu ter pedido para que o colega tucano, Aécio Neves, empregasse uma prima de Cachoeira, Mônica Beatriz Silva Vieira, no governo de Minas Gerais.
Mas o senador fez questão de ressaltar que Beatriz é uma "pessoa extremamente qualificada". "Naquela época o senhor Cachoeira andava no meio de todos nós. A pena não passa da pessoa do criminoso. A família do criminoso não pode sofrer. E olha que eu nem sou criminoso e minha família sofre", disse.