O deputado estadual Tiago Amorim Novaes (PTB) acusou o secretário de Segurança Pública, José Tavares, "de fazer vistas grossas" para o crescimento da violência em Cascavel, base eleitoral do parlamentar. Novaes disse ontem que já encaminhou pedido de providências a Tavares para destacar "uma força tarefa" com a missão de combater a criminalidade no município, mas não teria sido atendido. As críticas são mais um capítulo no embate político travado entre Novaes e o chefe da Polícia Civil na cidade, delegado Valmir Soccio, que não teve a indicação do parlamentar para o cargo.
Tavares informou por meio de sua assessoria de imprensa que não iria comentar as declarações de Novaes, feitas também em seu programa de rádio. O secretário informou que queria "conhecer melhor as denúncias" antes de se pronunciar. O deputado disse ainda que apresentou pedido de transferência de um delegado e três investigadores da Polícia Civil lotados em Cascavel. Todos, segundo ele, respondem a processos por crimes de extorsão, contrabando e homicídio. Novaes também pediu a nomeação de outro delegado para ocupar o lugar de Soccio.
"Se estão envolvidos com a onda de criminalidade na cidade, eu não sei, mas em quem a população vai confiar vendo uma ficha dessas?", indagou o deputado. Caso os policiais não sejam afastados, Novaes disse que vai passar a suspeitar que os acusados "estão sendo protegidos". "Já cobramos providências do secretário José Tavares e parece que ele está fazendo vistas grossas. Se não formos atendidos, nós é que vamos tomar algumas providências", afirmou, sem detalhar qual seria esta resposta.
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Entre roubos e assassinatos em Cascavel, o deputado disse que o índice de criminalidade aumentou 66% neste ano e o número de carros furtados já chegou a 200 no mesmo período, três vezes maior do que os números verificados em 2000. Viaturas das polícias Civil e Militar da cidade também não estariam sendo usadas no atendimento de ocorrências por falta de combustível. "Espero que na hora em que o secretário decidir atender as nossas reivindicações, ele resolva mandar combustível para as viaturas."
Novaes atribuiu seu descontentamento às cobranças que recebeu das vítimas da onda de violência. "A população está nos cobrando nas ruas, principalmente os mais pobres que foram vítimas dos roubos de carros." Para o deputado, só a intervenção de um grupo de elite da polícia paranaense em Cascavel seria capaz de reduzir as ocorrências sobre a onda de violência na cidade. "A Polícia Militar tem desenvolvido um trabalho, mas precisa de apoio."
Não é a primeira vez que Tiago Amorim Novaes resolve trombar com autoridades da Segurança Pública do Estado. Em 1999, o deputado participou de um debate em uma emissora de tevê local e atacou o comandante da Polícia Militar em Cascavel, tenente coronel Aylton Lino da Silva. O militar foi alvo de uma série de xingamentos proferidos no ar pelo deputado, que o acusava de integrar o crime organizado na cidade. O tenente coronel negou todas as acusações. O deputado petebista também pediu a substituição do militar do comando da PM em Cascavel, mas não foi atendido.