O deputado Ivan Valente (Psol-SP), na condição de líder do partido na CPI, cobrou a convocação do empresário Júlio Camargo e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pela comissão. "Só estamos ouvindo gente do terceiro escalão no escândalo da Petrobras. Nós não conseguimos trazer pra cá quem interessa. Por que não convocamos Júlio Camargo, que é o delator do presidente? Ele está blindado. O requerimento já foi aprovado há mais de um mês", disse.
Camargo, em processo de delação premiada à Justiça Federal, afirmou que em 2005 atuou como representante da empresa Samsung para vender para a Petrobras duas sondas de perfuração de águas profundas na África e no Golfo do México. Segundo ele, para fechar o negócio, teria procurado o empresário Fernando Soares, apontado pela Polícia Federal como operador do PMDB no esquema de desvio de recursos da Petrobras.
Camargo admitiu ter intermediado contratos da Samsung e de outra empresa, a Mitsui, com a Petrobras, e disse que houve pagamento de propina nos negócios. Ele envolveu o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que nega a denúncia e afirma que o empresário só o mencionou depois de pressionado pelo Ministério Público. Fernando Soares também nega o recebimento de propina, assim como o PMDB.
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O deputado Altineu Cortes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI, também criticou a condução das investigações. "A CPI está prevaricando. Por que não entramos na área petroquímica? Por que não convocamos os empresários que se beneficiaram de compras de empresas petroquímicas pela Petrobras?", perguntou.
O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), vice-presidente da CPI, defendeu a condição dos trabalhos. "Não concordo em absoluto que a CPI esteja prevaricando", disse.