A presidente Dilma Roussef passou a manhã desta segunda-feira (18), em seu gabinete no Palácio do Planalto ao lado de auxiliares diretos, como os ministros Jaques Wagner e Ricardo Berzoini, avaliando um pouco os resultados da votação de domingo e definindo estratégias para tentar reverter o quadro no Senado. O sentimento de decepção e repúdio às traições permaneciam na manhã desta segunda-feira e a maior queixa foi em relação ao PMDB, que deu apenas seis votos contra o impeachment da presidente Dilma. Esse resultado considerado "inacreditável" deixou claro para o núcleo do Planalto que cometeu um "erro grave" de manter o PMDB nos ministérios e concentrar energias na negociação com o partido, que já havia debandado.
Embora o Planalto reconheça que é "muito difícil" reverter a "onda contra o governo no Senado", o momento é de concentrar as forças naquela Casa, para tentar evitar que a presidente seja afastada do seu cargo. Na verdade, a situação é considerada "dramática". Nesta segunda-feira, no plenário do Senado, o governo tem apenas 21 votos, mas na primeira votação precisa de 41. Por outro lado, as projeções mostram que a oposição já teria os 45 votos necessários.
Dilma está disposta a lutar pelo seu mandato "com todas as suas forças" e isso é um dos pontos que ela pretende reforçar na fala que está preparando para fazer hoje. Não há uma definição, no entanto, do formato da fala de Dilma, que poderá ser no início da tarde.
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Paralelamente à ofensiva no Congresso, o Planalto está estudando ainda quando e de que forma entrará no Supremo Tribunal Federal com ação questionando o processo de impeachment. Mesmo sabendo que o Supremo já deu sinais que não quer se intrometer em questões do Congresso, o governo acha que não pode deixar de lutar em todas as frentes.
O baque com o resultado de ontem, no entanto, foi grande. Dilma estava indignada com o deputado Mauro Lopes, que foi ministro da Aviação Civil e que, na sexta-feira, almoçou com a ministra e senadora Kátia Abreu e sinalizou que, no mínimo se absteria de votar. Mas nunca votar contra, como fez. Dilma e sua equipe ficaram indignadas também com Alfredo Nascimento, afastado por Dilma na "faxina" que ela fez no início do seu primeiro mandato. O gesto foi entendido como "clara vingança".
Outro que deixou Dilma profundamente irritada e surpresa foi o deputado Adail Carneiro (PP-CE). Não que Dilma confiasse nele, mas ele esteve durante horas na tarde de ontem no Alvorada, onde Dilma se reunia com seus auxiliares, assegurou que votaria não para ela e o governador do Estado, Camilo Santana. Só que saiu de lá e votou a favor do impeachment. "Ué, esse cara não passou a tarde toda aqui com a gente e foi lá e votou contra?", queixou-se, "perplexa" Dilma. Mas, a cada voto prometido e não cumprido, Dilma repetia. "O que é isso? Não acredito. Que coisa!"
No Planalto havia também indignação com a foto publicada na imprensa do vice Michel Temer com largo sorriso nos lábios acompanhando a votação. Apesar da ira de todos, a presidente reiterou que precisa se concentrar na tentativa de convencer os senadores de não afastá-la do cargo.