A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, 28, que guarda dinheiro em casa porque incorporou o hábito da época em que foi perseguida e presa durante o regime militar. A declaração de bens da presidente de Dilma ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deste ano apontou que ela tem R$ 152 mil em dinheiro vivo. "Uma parte disso a gente deposita ao longo do ano, em poupança", disse, lembrando que chegou a dormir de sapato por um tempo depois de passar três anos presa durante a ditadura. Dilma disse ainda que dá parte do dinheiro que guarda para a filha, Paula Rousseff.
Perguntada sobre o mensalão, a presidente disse que não se manifestaria sobre o julgamento,
mesmo tendo prestado depoimento a favor do ex-ministro José Dirceu durante a fase de instrução do processo. Ela apenas ressaltou que não houve nenhum processo para interromper o processo no Supremo Tribunal Federal (STF). "Como presidente da República, não me manifesto sobre processos julgados pelo Supremo Tribunal Federal", afirmou, ao destacar que quando falou sobre Dirceu era ministra de Estado.
Corrupção
A presidente foi dura ao declarar que não concorda com as afirmações de que seu governo joga a corrupção para "debaixo do tapete". "Fomos o único governo que teve pessoas condenadas", afirmou ela, numa referência ao julgamento do mensalão.
Dilma citou uma série de iniciativas tomadas pelo governo para investigar fatos suspeitos e frisou que melhorar as instituições é essencial para combater a corrupção. "Não tolero nem compactuo com corrupção", disse.
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A presidente disse que o presidente do PDT, Carlos Lupi, deixou o governo para se defender. Em 2011, Lupi saiu do Ministério do Trabalho alvejado por suspeitas de irregularidades na pasta.
Gaza e Cuba
Dilma afirmou que não considera que esteja ocorrendo um "genocídio" promovido por Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza, mas acredita que a situação na região configura um "massacre". Dilma também afirmou que a ação promovida pelos israelenses é "desproporcional". O atual conflito na Faixa de Gaza já deixou mais de mil mortos, sendo ao menos 40 israelenses.
A presidente destacou que o País tem uma posição de amizade bastante antiga com Israel e criticou as declarações do porta-voz da chancelaria israelense, Yigal Palmor, de que o Brasil é um "anão diplomático".
A presidente destacou que o Brasil defende a solução dos dois estados (Israel e Palestina) para a região como uma forma de garantir os direitos dos palestinos e a segurança de Israel.
Ao defender o programa Mais Médicos, que leva profissionais de saúde para áreas desassistidas do País, a maioria deles cubanos, a presidente Dilma Rousseff afirmou que sanções impostas a Cuba como o bloqueio americano são uma "um despropósito" no século 21. "Do México para baixo, todos os países aprovaram o fim do bloqueio a Cuba", declarou Dilma.
Para justificar o Mais Médicos, ela disse que eram necessários mais de 14 mil novos médicos para atender demandas do Brasil, sobretudo no interior, no Nordeste e nas periferias das grandes cidades. Dilma também afirmou que a importação de médicos ocorre por um período determinado e que o País deve investir na formação de profissionais para suprir a demanda. Sobre as críticas ao programa, como a diferença de salário entre os médicos de Cuba e os provenientes de outros países, Dilma disse que os cubanos recebem parte do pagamento no Brasil e parte é depositado na Ilha. "Os médicos ganham aqui e lá".
A presidente participou de uma sabatina por Folha, UOL, SBT e rádio Jovem Pan, já encerrada. A entrevista aconteceu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República em Brasília.