A direita foi a grande vitoriosa das eleições municipais de outubro, com vitórias em quase todas as capitais brasileiras. O avanço, no entanto, traz um dilema para o campo conservador: com o crescimento em todos os estados, várias lideranças surgem como opções para as eleições de 2026, quando serão escolhidos os governadores e o presidente da República.
Esse embate parece ter sido previsto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que até então mantinha uma certa hegemonia na direita brasileira. Observando o crescimento do PSD e a possibilidade dos governadores de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), viabilizarem suas candidaturas à Presidência, Bolsonaro desembarcou de algumas campanhas neste ano. Foi o caso de Goiânia, onde o ex-presidente apoiou Fred Rodrigues (PL), que acabou derrotado por Sandro Mabel (União Brasil), apoiado por Caiado.
Além de Tarcísio e Ronaldo Caiado, o governador do Paraná, Ratinho Junior, também vem tendo seu nome colocado como um possível pré-candidato à Presidência, mas o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já adiantou a intenção apoiar o governador de São Paulo em 2026. Outra opção seria Pablo Marçal, o ex-coach que quase chegou ao segundo turno da eleição em São Paulo, como um representante da extrema direita.
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“Foi uma eleição municipal com um significado importante para a eleição presidencial, é raro que isso aconteça. O Pablo Marçal mostrou que existe espaço para uma candidatura de extrema direita para substituir o Bolsonaro”, avalia o cientista político Sérgio Praça, professor da Escola de Ciências Sociais da FGV (Fundação Getúlio Vargas). “Só isso já seria uma grande mudança no quadro, um candidato que vai ter de início uns 10% de intenções de voto.”
Para o cientista político, o cenário indica que existe uma direita “para além do bolsonarismo”. “O Tarcísio de Freitas, com apoio do PSD, também é um candidato forte, embora exista a possiblidade de ele se reeleger com muita facilidade para o governo de São Paulo. A eleição mostrou que existe uma direita para além do Bolsonaro, que chega significativamente mais forte para 2026.”
Sérgio Praça diz não ver muitas facilidades para Ratinho Junior e Ronaldo Caiado viabilizarem suas candidaturas à Presidência. “O governo de São Paulo tem uma importância que outros governos estaduais não têm. Não vejo uma candidatura forte no Caiado, nem no Ratinho Junior. Mas não faz mal ter um debate sobre a pré-candidatura, deixa o nome em evidência, eles podem virar ministros ou interlocutores. Tudo isso faz parte da política, mas eu não daria muita atenção a esses outros nomes.”
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