O presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) concedeu entrevista ao Jornal Nacional, na noite desta segunda-feira (22). Durante o programa, o presidenciável respondeu questões sobre a seguridade do processo eleitoral, críticas aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), saúde pública, interferências na PF (Polícia Federal) e corrupção. O telejornal registrou alta audiência, com picos de até 36 pontos em São Paulo (SP), o equivalente a quase três milhões de lares somente na capital paulista. Na última segunda-feira (15), a média do programa foi de 26 pontos.
A primeira pergunta feita pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos foi sobre os "xingamentos a ministros do STF" feitos por Bolsonaro. O candidato afirmou que Bonner citava uma fake news e que nunca havia xingado qualquer ministro. Após o jornalista reiterar que o xingamento realmente existiu, Bolsonaro afirmou que não foram "ministros", mas sim "um ministro somente". Ainda sobre o assunto, o candidato do Partido Liberal afirmou estar "pacificado com o STF".
Bolsonaro também foi questionado sobre o processo eleitoral e os seus apoiadores defensores de ações antidemocráticas. O vice-líder nas pesquisas de intenções de voto disse que os pedidos de fechamento do Congresso, feitos por seus apoiadores, são um direito assegurado pela "liberdade de expressão deles" e que "não vê nada demais". Bolsonaro também citou Aécio Neves, que, segundo ele, tentou fazer uma auditoria das eleições de 2014, mas não conseguiu.
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Os jornalistas também perguntaram sobre aceitação de uma suposta derrota nas urnas. O candidato disse que respeitaria o resultado, mas somente se as eleições fossem "limpas e com transparência".
Pandemia
A compra de medicamnetos ineficazes também teve espaço na entrevista, assim como a demora do presidente em comprar vacinas durante a pandemia. Bolsonaro se defendeu, dizendo que comprou os imunizantes de maneira rápida, e que no mês de janeiro, o "Brasil já estava vacinando".
Renata Vasconcellos questionou sobre a desestimulação da vacinação por parte de Bolsonaro, que respondeu dizendo que só o fez porque a Pfizer "não se responsabilizaria pelos efeitos colaterais" das doses aplicadas na população. Sobre a Covid-19, Bolsonaro disse uma fake news ao vivo, quando afirmou que "pessoas se contaminavam mais em casa do que nas ruas".
O entrevistado entrou em desacordo com Bonner e Vasconcellos sobre os dias em que Manaus (AM) ficou sem receber oxigênio, no ápice da pandemia, devido a um erro de logística do então ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Bolsonaro afirmou que a cidade ficou desprovida por dois dias, sendo desmentido pelos jornalistas, que atestaram que, na verdade, foram nove dias. O presidente finalizou dizendo que "fez a sua parte em Manaus".
Outros assuntos
Bolsonaro também disse que, em um eventual segundo mandato, vai dar sequência a projetos de reformas, como a da previdência e a das normas regulamentadoras. O candidato citou o saldo
positivo de 3 milhões de empregos criados e o BEm (Benefício Emergencial), que assegurou o emprego de milhões de brasileiros durante a pandemia da Covid-19.
Outros assuntos abordados pela entrevista foram as relações com o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e as políticas de desregulamentação dentro da Amazônia. Além disso, a relação do presidente com o chamado "centrão" foi questionada. Segundo ele, mesmo criticando em outras oportunidades, "isso é necessário para que se possa governar".
O candidato encerrou a entrevista de 40 minutos afirmando que pegou o país em uma "situação crítica" e que fez "o possível". A próxima entrevista é com o presidenciável Ciro Gomes (PDT), nesta terça-feira (23).
*Sob supervisão de Fernanda Circhia