A disputa pela sucessão do deputado Nelson Justus (PTB), o primeiro presidente da Assembléia Legislativa do Paraná depois da morte de Aníbal Khury (PFL), está "pegando fogo". O primeiro-secretário, deputado estadual Hermas Brandão (PTB), e o líder do governo, Valdir Rossoni (PTB), brigam nos bastidores pelos votos de 52 deputados. Cada um com a sua arma.
Favorito na disputa, Hermas Brandão já tinha ontem uma chapa ideal para vencer a disputa: ele encabeçando a chapa; Tony Garcia (PPB) como o primeiro vice-presidente; Valdir Rossoni (PTB) como primeiro-secretário; e Caíto Quintana (PMDB), na segunda secretaria. O acerto, entretanto, dependia, por volta das 20 horas, de uma conversa com deputados de situação e da oposição, que tem 14 votos. Assim com no ano passado, os votos dos deputados do PMDB, PT e setores do PDT e PSDB serão fundamentais na eleição.
O primeiro passo para virar presidente foi dado no início da tarde. Hermas Brandão apresentou requerimento em plenário, com o aval de 23 dos 54 parlamentares, solicitando a antecipação da eleição de fevereiro do ano que vem para meados de dezembro. A antecipação facilita ainda a indicação de Nelson Justus para os Transportes, informação confirmada pelo governador Jaime Lerner ontem, depois de uma solenidade pública, em Curitiba. O pedido de antecipação ainda não foi apreciado, mas deve passar com folga.
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Lerner disse que não pretende intrometer-se em território dos deputados. Porém, o governador defendeu um arranjo entre os aliados. "Eu gostaria e respeitaria muito uma composição", declarou por volta das 13 horas. Assim como na briga pelo "espólio" de Aníbal Khury, em setembro do ano passado, o governador trabalha no anonimato, valendo-se de interlocutores. Rossoni garante que tem o apoio oficial para concorrer. No entanto, pelo menos até ontem à noite o clima era de que o lobby de Hermas Brandão convenceu o governador a entrar de cabeça na sua campanha.
"Sou candidato e tenho o apoio político do governador Jaime Lerner. Na segunda-feira, o governador manifestou o apoio a minha candidatura, junto com o chefe da Casa Civil (Alceni Guerra)", reagiu Rossoni ontem, ao comentar o arranjo idealizado por Lerner e Hermas. "Não ouvi que o governador tivesse dado apoio oficial ao Rossoni", replicou Hermas Brandão. "Se o governo acertou isso, esqueceu de me avisar. Isso é fantasia. Não sei a quem interessa enfraquecer a minha candidatura. Acredito que são pessoas que estão perdendo espaço no atual processo político", reafirmou Rossoni na sessão de ontem.
O primeiro-secretário já tem plataforma. "Vou criar um plano de cargos e salários para o funcionalismo e fazer uma Assembléia mais forte frente ao governo, conseguindo as verbas que necessita", discursava ontem. Rossoni foi mais comedido e disse que seria "falta de ética" fazer promessas envolvendo, mesmo que de forma indireta, a atual gestão.