A queda de Ciro Gomes nas pesquisas bateu como uma bomba na coordenação da Frente Trabalhista. Não faltam explicações para a transferência de votos de Ciro para o tucano José Serra. Outro efeito imediato foi a volta das intrigas dentro da cúpula, que estavam neutralizadas pelo bom desempenho do candidato até então.
Com a nova - e má fase - nas pesquisas, cada lado da Frente passou a querer emplacar seu estilo de campanha. O PPS quer a polarização com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O PTB defende o ''bateu, levou'' com Serra, pela boca de aliados, para resguardar a imagem de Ciro. Já o PFL acha que o próprio candidato deve responder às acusações. Só o PDT se mantém alheio à confusão.
Para o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, a culpa da queda de Ciro é da propaganda eleitoral, que estaria ''anódina''. Segundo ele, faltou agressividade e impacto ao programa. ''Ficou muito institucional'', diz Jefferson. Ciro desconversa. Reitera que o objetivo da propaganda gratuita é apresentar propostas de governo. Ele e seu marqueteiro, Einhart Jácome da Paz, defendem a teoria de que ''quem bate, perde''.
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O porta-voz do candidato, Egídio Serpa, garante que não haverá mudanças no tom do programa. Ele lembra que Ciro respondeu apenas uma vez na televisão aos ataques de Serra. Na última terça-feira, na propaganda da Frente Trabalhista, calmo, sem alterar o tom de voz, Ciro acusou o candidato do governo de usar o tempo para agredir. ''Pintam uma figura que não sou eu, definitivamente'', afirmou.
Para o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), a queda de Ciro é fruto do bombardeio de José Serra. ''Ninguém passaria sem arranhões por tantos ataques'', afirma. Já o cientista político Paulo Kramer, da Universidade de Brasília, diz acreditar que Ciro caiu por causa de seu temperamento. ''Ele é muito esquentado. Briga com empresário e com cinegrafista'', diz, referindo-se ao jantar de Ciro com empresários paulistas e à discussão do candidato com o petista que filmava sua caminhada em Fortaleza, no Ceará.
O ex-senador Antônio Carlos Magalhães é adepto de uma teoria oposta. ''Ciro está pouco autêntico na televisão, precisa ser mais ele'', diz, acrescentando que o próprio candidato deve responder às acusações dos tucanos.