A ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT) voltou a negar, nesta sexta-feira, em entrevista à rádio CBN Curitiba, que tenha recebido R$ 1 milhão de Alberto Youssef para a sua campanha ao Senado, em 2010. O doleiro afirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), que o montante foi entregue em quatro parcelas, em espécie, ao dono do Shopping Total, na capital paranaense, Michel Gelhorn, encarregado de fazer o repasse. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já havia citado a senadora em sua delação.
"Se tem uma cosia que me deixou triste foi isso. Primeiro porque eu não conheço Alberto Youssef, não conheço Paulo Roberto, nunca tive contato com essas pessoas. Desconheço completamente essa situação de terem passado dinheiro a um empresário que me repassou dinheiro. Toda a minha doação de campanha eu fui atrás, conversei com vários empresários, está relacionada na minha prestação de contas que foi aprovada pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), foi aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Então não devo absolutamente nada", disse.
A petista também falou que desde que as denúncias vieram à tona tem tentado pegar as informações, mas que não conseguiu acesso aos depoimentos. "Porque também é um absurdo. Diz que a delação premiada é feita de forma reservada. Aí um monte de gente tem informações, eu não sei de que forma essas informações são obtidas, nem o que tem sido falado. Eu não consegui acesso ainda. Estou pedindo com os meus advogados acesso para tomar as medidas cabíveis".
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Futuro político
Gleisi também garantiu que não tem qualquer pretensão de fazer parte do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff (PT) durante o segundo mandato da presidente reeleita ou até mesmo de disputar a Prefeitura de Curitiba daqui a dois anos. "Foi um momento pra mim muito importante, de grande aprendizado, ser ministra-chefe da Casa Civil. Mas eu sei também que isso teve um custo político no Paraná. Obviamente, me fez ficar muito em Brasília, porque nós trabalhávamos nos finais de semana. Então durante a campanha eleitoral eu ouvi muito. Acho que foi uma das coisas que teve impacto na minha campanha", opinou.
Segundo ela, o PT paranaense precisa se recuperar, para que a derrota eleitoral de outubro não se concretize em uma derrota política. "Acho que a campanha aqui foi muito difícil, uma campanha que teve muita sustentação na mentira. Essa situação de que eu não ajudava o Paraná, de que fui contra as operações de crédito. E uma campanha muito grande de desconstrução do PT", avaliou. Para a senadora, o partido não enfrentou essa discussão política, o que acabou culminando com o resultado negativo nas urnas.
Além de ver o governador Beto Richa (PSDB) se reeleger ainda no primeiro turno, a sigla teve uma redução de sete para apenas três parlamentares na Assembleia Legislativa (AL). "Em política, não existe espaço vazio. Quando você não disputa ideia, não fala, não coloca a sua proposta, obviamente outro coloca. Acho que deixamos acontecer".