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A culpa é de quem?

Governo e sindicato trocam acusações sobre rebelião

Marcela Rocha Mendes/Equipe Folha
19 jan 2010 às 11:47

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A busca por responsáveis pela rebelião que causou a morte de seis detentos na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, levou a trocas de acusações entre o Governo do Estado e o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, ontem.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública afirma ter ''provas que demonstram um comportamento absolutamente fora do normal na administração interna da PCE''. Já o presidente do sindicato, Clayton Agostinho Auwerter, chama o secretário Luiz Fernando Delazari, de irresponsável e criminoso. Além dos cinco presos mortos durante o motim, que começou na noite de quinta-feira (dia 21) e terminou na tarde de sexta, outro detento não resistiu e morreu no hospital.

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Em matéria publicada na Agência Estadual de Notícias, o governador Roberto Requião diz que agentes poderiam ter incitado o tumulto com intuito de pressionar o Estado a atender reivindicações trabalhistas. ''A informação que alguns agentes e presos deram à imprensa é que agentes ou pessoal interno da penitenciária liberaram numa única ala grupos antagônicos de presos. Isso provocou o conflito e as mortes'', afirmou o governador, durante a reunião Mãos Limpas.

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Requião determinou a instauração de um inquérito para investigar a responsabilidade dos agentes. Delazari também pediu, já na sexta-feira, que o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) fizesse uma investigação para apurar se os funcionários do presídio teriam permitido que presos de facções criminosas inimigas se enfrentassem. ''As celas foram todas abertas, misturadas propositadamente e nós vamos descobrir quem fez isso e porquê, para que seja responsabilizado, no mínimo, por ter provocado a rebelião.''

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Auwerter diz considerar um absurdo ''os verdadeiros responsáveis quererem atribuir a responsabilidade a outros''. Ele defende que a causa da rebelião foi a retirada de 48 policiais militares da guarda interna da penitenciária. ''Na última rebelião, em 2001, quando três presos e um agente foram mortos, verificou-se a que a PCE não oferecia nenhuma segurança e estava caindo aos pedaços. Aí se condicionou o envolvimento da PM. Nos oito anos seguintes tivemos inúmeras tentativas de revoltas, que só não foram bem sucedidas por causa da presença da PM'', argumenta.


Ele repudia a acusação de que a rebelião possa ter sido intencionalmente orquestrada. Sobre a situação ''anormal'' de presos de facções criminosas inimigas terem sido colocados juntos, ele justifica que a movimentação dos detentos sempre existe, mas que deve haver uma investigação para apurar possíveis envolvimentos de agentes da PCE.


Presente na reunião da manhã de ontem, o juiz corregedor dos presídios, Márcio Tokars, prefere não se apontar culpados, mas acredita a retirada dos policiais militares não foi a causa do tumulto. ''Essa é a única unidade que tinha a presença dos policiais. Todas as demais também têm princípios de revoltas que são contidos sem o uso de armas. Talvez, se houvesse armas envolvidas na rebelião da última sexta-feira, o número de mortes fosse ainda maior'', diz.

No dia do motim, o secretário da Justiça do Paraná, Jair Ramos Braga, também defendeu que a retirada da PM causou a rebelião. A assessoria de imprensa da secretaria informou que entre 300 e 400 presos devem ser transferidos nos próximos dias para o presídio do Ahú, em Curitiba, desativado desde 2006, para aguardar as reformas na PCE, que ficou destruída.


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