O treinamento realizado ontem pela Secretaria da Comunicação para unificar o discurso dos deputados da base de sustentação ao governo na Assembléia Legislativa sobre a privatização da Copel não trouxe novos argumentos. Os aliados afirmam que não adianta o governo bater na tecla de que a empresa vai perder a competitividade se não for vendida, e que decidiu privatizá-la em obediência ao governo federal - este argumento já derrubado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). FHC disse que a decisão cabe aos Estados.
Ricardo Maia (PSB) disse que não adianta somente uniformizar o discurso em relação à Copel, pois o descontentamento na bancada continua. "Não adianta só repassar dinheiro de convênio a municípios. O enxugamento da máquina administrativa tem que sair". O governador Jaime Lerner (PFL) está analisando pessoalmente as mudanças, e deve anunciar os cortes em breve. Maia disse que o governo sofre de "descontrole de caixa" e que "não tem outra saída" a não ser vender a Copel. "Além disso, o governador se comprometeu a ouvir mais os deputados".
Apesar das reclamações dos deputados, a avaliação da Secretaria da Comunicação é positiva. O Palácio Iguaçu considera que a troca de informações foi proveitosa, e que os deputados revelaram as dúvidas que trazem de suas bases eleitorais no interior. O líder do governo, Durval Amaral (PFL), também fez um balanço positivo. "Com a capitalização da Paraná Previdência, os governos posteriores vão gastar cerca de R$ 100 milhões mensais a menos com a folha de pagamento". Dos 31 parlamentares aliados esperados, 20 compareceram.
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Segundo Maia, durante o "midia training" comandado pelo secretário Rafael Greca, foi mostrada uma pesquisa onde 80% da população estava contra, mas 60% mudaram de opinião depois que foram informados que o dinheiro será usado para capitalizar o fundo de previdência.
Para o deputado Antônio Carlos Barater (PL), a lição mais importante foi que os políticos "não devem fugir da imprensa". Fernando Ribas Carli (PPB) não foi, mas disse que os argumentos usados não o convencem "Só aceito se admitirem que a Copel está sendo vendida para garantir a governabilidade. Tem que falar a verdade".
O líder da oposição, Waldyr Pugliesi (PMDB) criticou a iniciativa do Palácio. "Esse negócio de dar aula para os deputados é subestimar a inteligência dis aliados".