A direção do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana apresentou nova denúncia de que o banco HSBC mantinha um esquema de espionagem e escuta ilegal de telefones contra a entidade. O sindicato pretende derrubar a versão do banco de que os documentos apresentados na terça-feira à CPI da Telefonia são falsos.
O presidente do sindicato, José Daniel Farias, mostrou cópia de uma nota fiscal sobre o pagamento da revelação de um filme fotográfico feita em 22 de janeiro de 1999. As fotos mostrariam atividades do Sindicato dos Bancários, conforme um manuscristo timbrado do banco feito por advogados do departamento jurídico, que tratavam do encaminhamento do relatório sobre a mobilização dos sindicalistas.
"Eles (HSBC) não podem alegar que (a espionagem) era uma coisa isolada, secreta, porque até o departamento jurídico teve conhecimento das atividades que eram feitas contra o sindicato", disse Farias. Ele encaminhará a documentação para outros sindicatos. Relatórios apresentados pelo ex-sargento da PM do Paraná Jorge Luiz Martins, que trabalhava no setor de inteligência do banco, registravam que a espionagem também era exercida "em outros Estados". A denúncia mobilizou as lideranças dos bancários no País.
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O ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo Ricardo Berzoini, que é deputado federal pelo PT, encaminhou pedido para que a Polícia Federal abra inquérito para investigar o grampo. "O banco admite ter contratado um militar norte-americano (Lewis Keith) para gerenciar seu setor de inteligência, cujo objetivo seria conhecer a vida pregressa de funcionários do banco", afirmou o deputado.
A Comissão dos Direitors Humanos da Câmara dos Deputados recebeu, em Brasília, uma carta para apurar a denúncia. O pedido foi feito pela Confederação Nacional dos Bancários. Para o secretário de organização da confederação, Sérgio Siqueira, o HSBC não poderia empregar métodos que foram utilizados contra adversários da ditadura militar.
Em nota oficial, o presidente do HSBC Bank Brasil, Michael Francis Geoghegan, voltou a dizer que o banco está à disposição da CPI da Telefonia para "lançar a luz da verdade sobre estes acontecimentos". Geoghegan disse ainda que o banco promove "um levantamento interno de informações" que serão apresentadas na CPI. "Forneceremos a esta comissão todas as informações pertinentes que nos forem solicitadas", prometeu o presidente do banco no País.
A Associação dos Delegados da Polícia Civil do Paraná (Adepol) negou que delegados tivessem se beneficiado com pagamentos do banco. Cópias de documentos encaminhadas pelo ex-sargento indicavam que delegados recebiam do HSBC por serviços de "assessoria de segurança".
A Adepol admitiu que os delegados foram contemplados com dinheiro do banco. Mas o destino da verba, segundo a associação, foi usado em benefício da própria corporação. "Tais valores referem-se à doações do HSBC direcionados, exclusivamente, à aquisição de recursos materiais para a Polícia Civil."