Depois de seis horas de reunião, a Comissão de Alto Nível do Estado que investiga possíveis irregularidades envolvendo escutas telefônicas clandestinas no Palácio Iguaçu decidiu marcar para esta sexta-feira os depoimentos do secretário-chefe da Casa Militar, Luiz Antonio Borges Vieira e do assessor de gabinete do governo do Estado, Gerson Guelmann.
Eles foram chamados para prestar informações sobre a participação de ex-funcionários civil e militares em grampos particulares. Os principais envolvidos são o cabo Luiz Antonio Jordão, o soldado Afrânio de Sá (ambos eram funcionários da Casa Militar) e o técnico em telefonia Gilberto Maria Gonçalves (ligado ao gabinete do governador).
Nesta quinta-feira, foram ouvidas as primeiras testemunhas do caso. Foram convocadas seis pessoas, todas compareceram. Mas apenas três prestaram esclarecimentos à comissão: Gonçalves e os ex-funcionários da Telepar, Edgar Fontoura e Jeferson Storner (que teriam uma empresa de varredura chamada Defense Consultoria e Segurança de Informações). Jordão, Sá e o advogado criminalista Peter Amaro de Sousa se reservaram o direito de permanecerem em silêncio. "Comecei a falar sobre as denúncias e o secretário José Tavares pediu para que a imprensa se retirasse. Eu não quis falar. Não reconheço a legitimidade desta comissão", esbravejou Sousa.
Leia mais:
CCJ da Câmara dos Deputados aprova impressão e recontagem de votos
CCJ aprova projeto que restringe uso de celular em escolas
Entenda como funciona a fraude de transferência em massa de títulos de eleitor entre cidades
Lei de IA é aprovada no Senado com previsão de remuneração de direitos autorais
Jordão disse na comissão que ratificava tudo o que já havia sido falado na CPI das Telecomunicações e que nada mais tinha a acrescentar. "Meus advogados acham a comissão inóqua. Fizemos o nosso papel em virmos aqui. Confio na Justiça", declarou ele. Sá não deu entrevistas à imprensa.
O técnico Gonçalves negou qualquer participação em grampos, mesmo no caso da Ocidental Distribuidora de Petróleo. Mas confessou ter indicado Sá e Jordão para o trabalho. "Para mim o envolvimento dos três funcionários no grampo comercial está claro. A impressão que fica e ainda não está provada é que este era um trabalho rotineiro deles. E o fato dos militares não falarem pode ser interpretado como culpa", analisou José Tavares, secretário de Estado de Segurança Pública e presidente da comissão.
Tavares não acredita no envolvimento dos ex-funcionários da Telepar no caso do grampo da Ocidental. "São dois servidores qualificados da Telepar e que faziam serviços particulares para órgãos públicos - como foi no caso de Roraima - e privados. Nunca tiveram conhecimento de grampo em órgãos públicos, exceto na Secretaria de Estado da Administração", complementou.
Na segunda-feira, o intalador da GVT, João Batista Cordeiro, será chamado para prestar esclarecimentos. A comissão deverá dar um parecer final sobre o caso no final da semana que vem.
Leia mais sobre o assunto na Folha do PAraná/Folha de Londrina desta sexta-feira