Uma entrevista do secretário de Comunicação, Rafael Greca, desencadeou nova crise entre os poderes Executivo e Legislativo no Paraná. Greca disse à Rádio Itapoã, de Pato Branco - que pertence à família do chefe da Casa Civil, Alceni Guerra - que o governador (Jaime Lerner, PFL) não tem paciência de ouvir os deputados ao vivo, muito menos gravados.
O comentário de Greca se refere às denúncias de que o Palácio Iguaçu teria feito escutas ilegais, investigadas pela CPI da Telefonia da Assembléia Legislativa. Greca teceu pesadas críticas à comissão.
O presidente da Casa, Hermas Brandão (PTB) considerou o comentário uma ofensa, ficou indignado e decidiu enviar - em nome de todo Legislativo - ofício ao governo do Estado repudiando as declarações de Greca. Brandão solicitou ainda cópia da fita. O plenário aplaudiu.
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As declarações do secretário caíram como uma bomba na base aliada - que ainda não está totalmente solidificada e conta, em tese, com dez membros a menos do que no ano passado. Uma das maiores reclamações dos aliados é que o Palácio Iguaçu não lhes dá a devida atenção.
Nesta quarta-feira, um dia depois do presidente da CPI da Telefonia, Tony Garcia (PPB), reproduzir a fita, a base de sustentação externava a mágoa no plenário. O ex-líder do governo, Valdir Rossoni (PTB), revidou o ataque e disse que o secretário perdeu a oportunidade de ficar quieto.
O líder do governo, Durval Amaral (PFL), classificou como "infeliz" a frase de Greca. Amaral admitiu que os aliados estão "chateados e constrangidos". Entretanto, ele não acredita que o incidente prejudique a base de sustentação. O líder dos partidos de oposição, Waldyr Pugliesi (PMDB), resumiu as críticas do bloco. "Isso mostra a falta de respeito que o governo tem pelos representantes do povo. É a radiografia do governo Lerner".
Greca enviou nota oficial à imprensa explicando que exerceu seu direito de cidadão e de político - assegurado pela Constituição - ao manifestar opinião sobre a CPI. Para ele, a comissão "só demonstrou vacuidade de provas concretas e afastamento dos interesses públicos. Trata-se de um desfile de factóides. Nada devo e nada temo". O secretário afirmou que sua opinião consta de um artigo assinado por ele. "Todo mundo sabe que uma frase retirada de contexto dá margem a interpretação errada". Sobre o ataque aos deputados, disse que se referia à "oposição".
Pouco depois de Brandão anunciar o repúdio, Greca telefonou para seu gabinete. Segundo Brandão, Greca declarou que a fita foi "mascarada".
Leia mais em reportagem de Maria Duarte, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quinta-feira