O PMDB recebeu mal a indicação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) para substituir Antonio Palocci no comando da Casa Civil. O que irritou peemedebistas que se mantiveram firmes na defesa de Palocci foi o fato de o cargo ter sido entregue exatamente à petista que "pediu a cabeça do ministro".
Dirigentes peemedebistas consideraram "surrealista" que uma petista que esteve na linha de frente do "fogo amigo" contra Palocci ocupe o lugar dele. Maior partido da base aliada e "sócio do governo" na condição de inquilino da Vice-Presidência da República, o PMDB não participou e nem sequer acompanhou as articulações em torno da troca de comando na Casa Civil.
O vice-presidente Michel Temer só foi chamado ao Palácio do Planalto por volta das 17 horas de hoje, quando já estava tudo decidido. Foi comunicado pela presidente Dilma Rousseff de que Gleisi fora a escolhida. Além do comunicado ao vice, a única sinalização enviada ao PMDB foi a de que, ao menos por enquanto, não deverá haver "mexida" na articulação política do governo, além da troca de ministro.
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Nem tudo é negativo para o PMDB na crise Palocci. A cúpula do partido avalia que, independentemente do desfecho, o episódio "zerou o jogo" porque mostrou a importância do partido na estabilidade política do governo. Afinal, a saída do ministro se deu na iminência de o Senado reunir as 27 assinaturas de senadores necessárias à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o crescimento do patrimônio do ministro e a suspeita de tráfico de influência. Neste ponto, eles concordam com a comparação da nova ministra, que remeteu o momento atual à crise do mensalão, que pôs em risco a governabilidade.
Os peemedebistas não foram os únicos a ver o "lado bom da crise". Não por acaso, um senador do PTB comentava hoje que a crise foi "a melhor coisa que aconteceu", para justificar: "Agora a gente (da base governista) vale alguma coisa porque, até aqui, não estávamos valendo nada".