O prefeito de Campina da Lagoa (100 km a sudoeste de Campo Mourão), Paulo Andreoli Gonçalves (PSDB), está sendo acusado de ser o dono de uma fábrica de bloquetes de pavimentação que fornece a prefeitura.
Segundo a denúncia feita ao Ministério Público em Curitiba, ele mantinha um ''testa-de-ferro'' como proprietário da indústria para poder negociar com o município.
A acusação foi feita à Procuradoria Especial pelo próprio ''dono oficial'' da fábrica, Miguel Augusto Fiori.
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Ele disse que sabia que a empresa estava em seu nome, mas que na verdade era empregado de Gonçalves, de quem ganhava cerca de R$ 600,00 por mês.
''Miguel assinava cheques em branco e empenhos, mas não tinha acesso nem à movimentação da conta'', explicou o advogado dele, Pedro Carlos Palma.
Gonçalves disse que apenas era amigo de Fiori e que o ajudava a administrar o negócio.
''O Miguel não tinha condições de administrar uma firma dessas e eu simplesmente orientava ele'', frisou.
''Nunca tirei um centavo dessa fábrica''. Segundo o prefeito, em dois anos foram feitos 24 mil metros quadrados de pavimentação com bloquetes. Isso representa um investimento de cerca de R$ 300 mil.
O prefeito informou que os bloquetes são mais baratos que o asfalto e geram mais empregos.
''Se eu quisesse roubar, empenhava R$ 20 mil ou R$ 30 mil em notas frias. Por que iria mexer com bloquetes?'', destacou.
A fábrica fechou depois que Fiori denunciou o prefeito e a mulher foi demitida da prefeitura.
Gonçalves disse que uma outra empresa de Guaíra passou a trabalhar no local. Ela usa os equipamentos de Fiori.
Uma outra denúncia acusa o prefeito de abastecer a frota do município num posto de sua propriedade, o Irmãos Vida.
Gonçalves disse que o posto não está mais em nome dele e que a prefeitura gasta R$ 50 mil por mês em combustíveis.
De acordo com ele, os outros três postos da cidade não participaram das licitações. Funcionários do estabelecimento, quando perguntados a respeito, dizem que o posto pertence ao prefeito.
Não à CPI - Por 5 votos a 4, a Câmara de Vereadores de Campina da Lagoa rejeitou o requerimento que pedia a formação de uma CPI para investigar a fábrica de bloquetes.
O vereador João César de Lima (sem partido) disse que vai recorrer à Justiça porque o pedido tinha três assinaturas (um terço) e não precisava ser votado em plenário.
Segundo a denúncia da oposição, a fábrica foi instalada em um terreno da prefeitura sem autorização da Câmara. '
'O terreno estava ocioso. Que mal tem ocupá-lo e gerar empregos?'', questiona o prefeito Paulo Andreoli Gonçalves.
Segundo ele, o imóvel foi cedido através de um decreto. ''As obras foram realizadas. Nada foi desviado''.