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Corrupção na Petrobras

Lava Jato negocia com delator dados sobre área que Graça Foster dirigiu

Agência Estado
12 fev 2015 às 14:45

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A força-tarefa do Ministério Público Federal quer saber do novo delator da Operação Lava Jato, o engenheiro Shinko Nakandakari - apontado como carregador de malas de dinheiro na Petrobras - informações detalhadas sobre a arrecadação de propinas pelo ex-diretor de Serviços Renato Duque e pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, em contratos da Diretoria de Energia e Gás, entre 2008 e 2013.

A diretoria - comandada pela ex-presidente da estatal Graça Foster de 2007 a 2012 - teria sido o canal de arrecadação de dinheiro ilícito em quatro contratos intermediados por Nakandakari, em nome da Galvão Engenharia, uma das 16 empreiteiras do cartel alvo da Lava Jato. A nova ofensiva da Lava Jato, agora colocando na mira a Diretoria de Gás e Energia, não significa que Graça Foster está sob suspeita. Mas contratos firmados em sua gestão nessa unidade serão rastreados.

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"A Galvão Engenharia manteve seis contratos, isolada ou em consórcio, em que Shinko operou, sendo dois na área de Abastecimento e quatro na área de Gás e Energia, cujo valor total aproximado foi de R$ 2,6 bilhões, com início em 2008 até 2013, afirmou o ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco, em sua delação premiada.

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Novo alvo da Lava Jato, Nakandakari começou a ser ouvido pela força-tarefa na tentativa de fechar um acordo de delação premiada, em que confesse seus crimes e ainda revele novos fatos para as investigações, em troca da redução de pena em eventual ação criminal.

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Segundo Barusco - que era braço direito de Duque e amigo de Nakandakari -, o operador da Diretoria de Serviços chegou a acordar o pagamento de R$ 6 milhões a R$ 8 milhões no âmbito dos seis contratos, sendo que uma parte desse montante não chegou a ser efetivamente entregue.


R$ 200 milhões

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"As propinas foram pagas por Shinko em espécie", afirmou Barusco. "De um modo geral, o pagamento de propinas nesses contratos obedeceu a regra", que segundo ele, previa pagamento de 1% a 2% do valor dos contratos. "Metade era para o Partido dos Trabalhadores, representado por João Vaccari Neto, e a outra metade era para a 'Casa'", explicou Barusco.


Por fazer os contratos, a Diretoria de Serviços arrecadava nas demais diretorias da estatal, segundo confessaram Barusco e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. A Lava Jato não tem informações sobre o envolvimento de Graça ou outro diretor da área de Energia e Gás no esquema, mas vai buscar aprofundar as investigações nessa área.

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Segundo afirmou Barusco, "quando os contratos envolviam a Diretoria de Gás e Energia, cujo diretor inicialmente era Ildo Sauer e depois Maria das Graças Foster" os valores iam para o PT e para ele e Duque. Barusco afirmou que Vaccari arrecadou até US$ 200 milhões em propinas para o PT.


Questionado pelos investigadores da Lava Jato se Graça Foster e Sauer tinham conhecimento desses pagamentos, o ex-gerente de Engenharia afirmou que "não havia espaço para conversar essas coisas" com os dois ex-diretores."Se sabiam, conservaram isso para si", acrescentou Barusco.


O delator apontou ainda cinco obras como as principais envolvendo a Diretoria de Gás e Energia, em que Renato Duque teria arrecadado propina. São elas: Gasoduto Gastau, Gasoduto Urucu-Coari-Manaus, Gasoduto Cabiúnas-Reduc (Gasduc), Gasoduto Cacimbas-Catu (Gascac) e em piers de Gás Natural Liquefeito (GNL).

Graça Foster deixou a presidência da Petrobras na semana passada, em meio a mais explosiva crise da história da estatal petrolífera, após reunião com a presidente Dilma Rousseff. A ex-presidente da Petrobras nega envolvimento com atos ilícitos na estatal. O PT nega ter recebido US$ 200 milhões em propinas. João Vaccari, em depoimento à Polícia Federal em São Paulo, na semana passada, negou ter arrecadado propinas para seu partido.


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