O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que é uma "grande bobagem" a especulação de que ele irá concorrer à sucessão de Dilma Rousseff em 2014 e negou que vá opinar na escolha do Ministério da presidente eleita.
"Na minha cabeça, funciona a seguinte tese: 'rei morto, rei posto'", afirmou Lula, em entrevista concedida ao lado da futura presidente no Palácio do Planalto, em Brasília.
"Voltar é uma temeridade, a expectativa gerada é infinitamente maior", disse, ressaltando que, se Dilma tiver um bom desempenho na Presidência, "tem todo o direito de em 2014 ser candidata mais uma vez."
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Para o presidente, a discussão sobre a eleição de 2014 deve ficar para mais adiante, "senão vai ter uma enxurrada de bolinha de papel batendo nas nossas cabeças", disse, em aparente referência ao candidato José Serra (PSDB), que alegou ter sido agredido durante evento de campanha no Rio de Janeiro.
Ministério
O presidente disse ainda que, quando deixar o Planalto, pretende "dar uma lição" de como se comporta um estadista.
Segundo Lula, "o governo da Dilma tem que ser a cara e a semelhança da Dilma". "Ela e somente ela pode dizer quem ela quer e não quer. Só ela pode dizer aos partidos aliados se concorda ou não concorda (com nomes para o ministério)".
"Um ex-presidente da República não indica, não veta. Um ex-presidente poderá dar algum conselho se um dia lhe for pedido: se for para ajudar ou para atrapalhar, nunca."
O presidente fez ainda um pedido à oposição, para que deixe de lado o que define como "a política do estômago, da vingança, do trabalhar para não dar certo".
"Não vou falar aqui em unidade nacional, porque é uma palavra queimada e mal usada, mas queria pedir a compreensão que, no Congresso, a oposição não faça contra Dilma o que fez comigo. (...) A oposição governa Estados importantes da Federação, a relação tem de ser a mais harmoniosa possível, senão todos perdem", disse Lula.
"Na minha opinião, oposição tem que continuar sendo oposição, mas tem que saber diferenciar o interesse nacional e o que é política partidária", afirmou o presidente.
Sem nomes de ministros
Na entrevista, Dilma se recusou a comentar nomes de possíveis futuros ministros.
"Não considero que ainda esteja maduro o processo a respeito dos nomes que integrarão os ministérios", disse.
A presidente eleita afirmou que, para escolher os integrantes do governo, exigirá "competência técnica" e pessoas que "não tenham problemas de nenhuma ordem", mas ressaltou que os "critérios políticos" também serão levados em conta.
Dilma também disse que viajará a Seul (Coreia do Sul), onde ocorrerá uma reunião de cúpula do G20, somente na noite da próxima segunda-feira, depois de dar início aos trabalhos da equipe de transição.