A Comissão Especial de Investigação do governo do Estado que apura as denúncias de escutas telefônicas no Palácio Iguaçu e em campanhas eleitorais deve ouvir hoje a ex-secretária de Administração, Maria Elisa Paciornik, que teve seus telefones grampeados quando estava no governo, e o ex-funcionário da GVT, João Batista Cordeiro, preso por fazer escuta clandestina na Ocidental Distribuidora no último dia 4 de abril. Os depoimentos acontecerão a partir de 9 horas na Secretaria de Segurança Pública.
Os depoimentos começaram no último dia nove, com a convocação de seis pessoas, mas apenas três acabaram falando à comissão. O cabo Luiz Antonio Jordão, o soldado Afrânio de Sá (ambos eram funcionários da Casa Militar) e o advogado Peter Amaro de Souza preferiam não falar, por não reconhecer a legitimidade da comissão, criada pelo governo para investigar o próprio governo. O técnico em telefonia Gilberto Maria Gonçalves (ligado ao gabinete do governador) negou qualquer participação em grampos, mesmo no caso da Ocidental Distribuidora de Petróleo. Mas confessou ter indicado Sá e Jordão para o trabalho. Os ex-funcionários da Telepar, Edgar Fontoura e Jeferson Storrer, da empresa Defense Consultoria e Segurança de Informações, chamada regularmente para rastrear grampos nas linhas telefônicas do governo, negaram ter conhecimento de escutas em órgãos públicos.
No último dia 10 foram ouvidos o secretário-chefe da Casa Militar, coronel Luis Antonio Borges Vieira e o secretário especial da Chefia de Gabinete do governador Jaime Lerner, Gerson Guelmann. Vieira negou ter conhecimento dos grampos e disse que vai entrar na Justiça contra o advogado criminalista Peter Amaro de Sousa (que defende os militares acusados de grampo na Ocidental Distribuidora de Petróleo) por calúnia e difamação, mas não atacou os seus ex-subordinados.
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Durante seu depoimento, Gerson Guelman pediu a quebra do sigilo telefônico do cabo Luiz Antonio Jordão, do advogado criminalista Peter Amaro de Sousa e do Setor de Transporte Aéreo (STA) da Casa Militar. Segundo ele, isso comprovaria que os ex-funcionários do STA teriam participado de toda a negociação para que a empresa Ocidental Distribuidora de Petróleo, fosse grampeada. Mas garantiu que o governo não teria qualquer envolvimento no caso.
O coronel Reinaldo Hamilton Machado, que teria encontrado equipamentos de escuta no quarto andar do Palácio Iguacu, mas não teria informado o coronel Vieira sobre o que se tratava, deve depor amanhã. A Comissão Especial foi criada pelo governo depois que já havia sido instalada na Assembléia Legislativa uma CPI para investigar o caso. A CPI já ouviu Gilberto Maria Gonçalves, cabo Luiz Antonio Jordão, Afrânio de Sá e João Batista Cordeiro, mas ainda vai convocar o secretário Gerson Guelmann, o chefe da Casa Militar, coronel Luis Antônio Borges Vieira e a ex-secretária da Administração Maria Elisa Paciornik. O advogado dos dois policiais militares, Peter Amaro de Sousa, terá que apresentar as provas de grampos que alega ter.