Durante a entrevista coletiva em que anunciaram o ajuizamento de uma ação civil pública contra o governador Beto Richa (PSDB), o ex-secretário de segurança Fernando Francischini e nomes do comando da PM no Paraná, o Ministério Público jogou por terra a tese do governo de que black blocks estavam entre os manifestantes na batalha que resultou em mais de 200 feridos no Centro Cívico, em 29 de abril.
"Esta possibilidade foi aventada logo após o incidente por autoridades do governo. Para apurar, houve instauração de dois termos circunstanciados pela Polícia Civil com a detenção de manifestantes. A apuração criminal evidenciou que não havia indício nenhum de prática de crimes e não identificou nenhum cidadão como black block", afirmou o procurador de justiça Marcos Bittencourt Fowler. Um dos termos circunstanciados já foi arquivado, e o outro deve ter o mesmo destino.
A investigação do Ministério Público ouviu cerca de 500 pessoas entre manifestantes e policiais, e nenhuma delas identificou participação de black blocks. "Ainda que houvesse, caberia ao estado proteger os manifestantes contra estes possíveis arruaceiros, não tratar todos como criminosos que estivessem ali para confrontar a polícia. A livre manifestação deve ser respeitada e protegida pela polícia. Talvez tenha sido esta a grande premissa do equívoco de procedimento. Mesmo depois do episódio, o governo tentou justificar ações injustificáveis usando argumentos que não foram comprovados na investigação", completou o procurador Eliezer Gomes da Silva.