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Pressão popular

Movimento prega a redução de salários na Câmara de Londrina

Luís Fernando Wiltemburg - Folha de Londrina
06 ago 2015 às 08:33

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- CML/Imprensa/Devanir Parra
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O movimento que levou à redução dos salários de vereadores em Santo Antônio da Platina (Norte Pioneiro), no mês passado, e "inspirou" moradores de Jacarezinho (Norte Pioneiro) a pedirem o mesmo, começa a incitar iniciativas populares para pressionar câmaras municipais de outras cidades e já se esboça em Londrina – ao menos, no site de relacionamentos Facebook.

Na opinião de especialistas, a pressão popular é um reflexo do descontentamento com a política em todas as esferas e com os os homens públicos em geral, além de sentir no bolso o reflexo do mau desempenho da economia nacional e estadual em contraste aos altos salários e benefícios concedidos às autoridades de todos os poderes. Entretanto, a cobrança parte diretamente sobre os vereadores porque são os que estão mais próximos de seus eleitores.

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Em Santo Antônio da Platina, um projeto de lei que aumentava o salário do prefeito de R$ 14,7 mil para R$ 22 mil na próxima gestão e dos vereadores, de R$ 3,7 mil para R$ 7,5 mil na próxima legislatura, deflagrou uma manifestação popular. A proposta passou em primeira discussão, mas teve protesto de uma empresária. Na segunda votação, os eleitores lotaram a Câmara e o projeto foi alterado, reduzindo o salário do próximo prefeito para R$ 12 mil e dos vereadores para R$ 970.

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Já em Jacarezinho, um projeto de lei de iniciativa popular pedindo a redução dos ganhos dos parlamentares para um salário mínimo foi protocolado na Câmara de Vereadores, mas sequer foi lido. Uma manifestação popular na sessão da última segunda-feira obrigou o presidente do Legislativo, Valdir Maldonado (PDT), a deixar o local a bordo de um camburão da Polícia Militar.

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Em Londrina, uma arte singela, escrita em azul e vermelho, propõe: "LONDRINA: redução para 11 vereadores e com salário de R$ 2.000 cada". O texto ainda pede apoio para a ideia e sugere que, se cidades menores conseguiram, o feito pode ser repetido aqui. O texto, sem indicação de autoria, era compartilhado ontem em páginas pessoais de milhares de londrinenses.


Para os professores de Ética e Filosofia Política da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Elve Cenci e Clodomiro Bannwart, as notícias constantes de corrupção e os gastos elevados de campanha e de custos dos cargos públicos provocam uma reação esperada da sociedade, flagelada com os efeitos da crise econômica. "Se a população está arcando com um custo nada barato, por que os políticos também não arcariam com esse ônus?", questiona Bannwart.

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Para eles, a redução dos salários de vereadores não deixa de ser um pleito justo, principalmente em cidades menores onde o subsídio é muito maior que a média de ganhos dos trabalhadores e o orçamento municipal, baixo.


Eles veem na redução dos salários uma possibilidade para afastar os chamados políticos profissionais, que se mantêm no poder mais por interesse nos ganhos do que no trabalho pela população. Porém, Cenci alerta que pode abrir caminho para que doadores de campanha passem a sustentar estes parlamentares. Para ele, entretanto, a redução no número de cadeiras implica numa maior facilidade de controle do Executivo sobre o Legislativo. "O que tem de ser discutido é um salário justo e uma redução de custos aliado a uma melhor representatividade", opina.

O presidente da Câmara de Londrina, Professor Fabinho (PPS), considera que jogar a culpa dos problemas nacionais e estaduais nas costas dos vereadores é "muito simplista" e concordar com a diminuição de salários seria como assentir esta ideia, além de desvalorizar a atuação dos parlamentares. Para ele, a discussão deve ser feita "em alto nível", focando na redução de custos de todos os poderes, em todas as esferas.


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