O Ministério Público deve investigar nos próximos dias denúncias de nepotismo e peculato (desvio de recursos públicos) contra a Câmara Municipal de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. A denúncia foi feita pelo serralheiro Ubiraci Ferreira de Oliveira, de 38 anos, e protocolada no último dia 27 de novembro. Ela está fundamentada num dossiê com 42 páginas. No documento, são citados os nomes de sete funcionários que estariam trabalhando na Câmara Municipal de Pinhais em situação irregular.
Entre eles, o chefe da assessoria de imprensa Samuel Morbeque dos Santos (genro do vereador Vinícius da Cruz); a chefe do setor de administração, Laura Tereza Ferreira de Lima Theodoro (irmã do vereador Ailton Ferreira de Lima); e a segurança Luzia Cristina Fortini (mulher do mesmo vereador). Eles receberiam, de acordo com os documentos anexados no dossiê, o salário normal e 100% de gratificação por dedicação exclusiva em tempo integral. "Estes foram os funcionários que eu consegui anexar os documentos. Mas têm muitos outros", afirmou ele.
Ubiraci Oliveira já organizou um Movimento contra a Corrupção e promete colocar faixas na cidade sobre as supostas irregularidades na Câmara Municipal ainda este mês. "Não podemos deixar o povo de Pinhais na ignorância. Esta é apenas a ponta do iceberg e eu não vou me acovardar", complementou.
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O dossiê mostra ainda uma viagem que teria sido realizada em 1997 pelo presidente da Casa, João de Souza e pela primeira secretária Marly Paulino Fernandes. A viagem para o Japão foi autorizada pela Câmara, com um valor orçado em R$ 124 mil. Os vereadores iriam participar da 26ª Câmara do Comércio e Indústria entre o Brasil e o Japão. Desde a taxa de inscrição (R$ 672,00) até as despesas de viagens (R$ 12,4 mil) teriam sido pagos pelos cofres públicos.
O serralheiro disse que está sofrendo pressões políticas, mas que irá apresentar novos documentos com denúncias. "Sei que eu só terei uma opção se a Justiça não prevalecer: ir morar no mato", avaliou.
Ontem, a reportagem da Folha entrou em contato com os gabinetes dos vereadores Lineu Pires (PTB), Gilmar Jorge Batista dos Santos (PPB) e João de Souza (PMDB) mas não conseguiu qualquer retorno. Extra-oficialmente, a reportagem da Folha foi informada que todos os funcionários citados na denúncia foram exonerados no último dia 29.