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Caixa 2

Nedson: "Sou o principal interessado nas investigações"

Caroline Vicentini - Redação Bonde
29 jul 2005 às 12:24

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Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira a jornalistas, o prefeito de Londrina Nedson Micheleti (PT), declarou que vai colaborar com a Polícia Federal e é o principal interessado nas investigações sobre um suposto caixa 2 na campanha de reeleição dele no pleito de outubro de 2004. "Acompanhei toda a contabilidade da campanha, pois o candidato é o principal responsável pelas dívidas contraídas", afirmou.

O suposto esquema originou nesta quinta-feira (28) quatro mandados de busca e apreensão nas residências do presidente do diretório municipal do partido e secretário de Gestão Pública, Jacks Dias, do diretor de Marketing da Sercomtel e tesoureiro do PT, Francisco Moreno, e do petista e diretor administrativo-financeiro da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Augusto Ermétio Dias Júnior. Os mandados foram solicitados pelo promotor substituto da 41 Zona Eleitoral, Sérgio Siqueira e concedidos pela juíza Oneide Negrão.

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Segundo o promotor, ele foi procurado na noite do dia 27 por Soraia Garcia, que trabalhou como assessora financeira na campanha de Nedson. Durante duas horas, ela prestou um depoimento que foi gravado em CD-ROM em que relata um suposto esquema de arrecadação e pagamentos realizados nos dois turnos da campanha do prefeito. ''Fomos procurados pela senhora Soraia Garcia, que disse ter sido filiada ao PT e que nas últimas eleições trabalhou para a campanha, primeiro como secretária e depois como assessora financeira. Basicamente, o que a senhora Soraia nos disse é que além do R$ 1,2 milhão declarados oficialmente, foram gastos pelo esquema de caixa 2, R$ 6,5 milhões'', relatou Siqueira. Na prestação de contas feita à Justiça Eleitoral, o PT afirma ter gastado R$ 1.361.577,23.

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Siqueira justificou as solicitações de busca e apreensão devido à afirmação de Soraia de que algumas notas fiscais estariam em poder dos três petistas. No entanto, nenhum documento ou nota foi localizado nos quatro endereços dois do secretário de Governo. ''Segundo a senhora Soraia, essas pessoas teriam poderes de gerência sobre o caixa de campanha. Seriam essas pessoas que captariam através de outras pessoas esses recursos e decidiriam sobre a finalidade deles.

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Nedson reafirmou que na campanha foram gastos e registrados R$ 1 milhão e 300 mil. "Tudo o que foi feito na nossa campanha está legalizado e declarado à Justiça Eleitoral. Seis milhões de reais é quantia para campanha de governador. Já enviamos inclusive à Justiça Eleitoral os extratos bancários da movimentação financeira realizada na campanha", disse.


O prefeito afirmou que as declarações de Soraia são infundadas e as denúncias podem ter fundo político. "Por conta das denúncias de corrupção contra o PT nacional, qualquer acusação contra o partido torna-se verdade. Não aceitarei qualquer tentativa de vinculação da minha campanha de reeleição com os fatos nacionais", ressaltou.

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Doações não declaradas


Nedson refutou as informações de doação não declarada de 200 mil camisetas para a camapnha. Segundo Soraia, as camisetas teriam vindo em caixas com o nome da DNA Propaganda, do publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do "mensalão". "Isso é um absurdo. Recebemos a doação de 20 mil camisetas do PT Nacional. Na nota consta o nome da Coteminas, indústria localizada em Minas Gerais; talvez por isso a senhora Soraia tenha achado que poderia relacionar com Marcos Valério, que também é de Minas", declarou.

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Investigações


O delegado chefe da Polícia Federal, Sandro Viana dos Santos, abriu inquérito para apurar as denúncias. "O primeiro passo será pedir uma cópia da prestação de contas da campanha à Justiça Eleitoral. Também analisaremos os documentos entregues pela Promotoria Eleitoral e, conforme as investigações, poderemos solicitar mais documentos", informou.

Caixa 2 é crime eleitoral e prevê pena de multa pelo valor excedente ao declarado.


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