A Mesa Diretora do Senado se reúne nesta terça-feira para tratar do processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). A comissão formada no Conselho de Ética para relatar o processo por quebra de decoro encaminhou à Mesa um pedido de novas perícias da Polícia Federal (PF). O objetivo é averiguar se o senador tem fundos para pagar pensão alimentícia informal para a jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha.
O pedido inclui uma relação de documentos das secretarias de Agricultura e da Fazenda de Alagoas, onde o parlamentar possui fazendas de gado. Esses documentos servirão de base para as novas perícias que podem ser realizadas pela PF. O objetivo é saber se realmente ocorreram as vendas de gado declaradas por Renan ao justificar a origem do dinheiro usado para pagar a pensão - ele é acusado de obter a verba junto a um lobista da construtora Mendes Jr., que possui contratos com o governo federal.
Ao presidente do Senado, foram solicitados: livro-caixa por cada propriedade rural, talonários de origem das notas fiscais e ficha cadastral do rebanho entre 2003 e 2006, por propriedade rural, referente ao controle do estoque de gado. Se algum integrante da Mesa Diretora pedir vista ao processo, o envio à Polícia Federal pode ficar para depois do recesso parlamentar, que começa na próxima quarta-feira (18). A PF informou que precisará de no mínimo 20 dias para concluir os trabalhos e o Conselho de Ética espera que isso seja feito durante o recesso.
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Os relatores no Conselho de Ética são Marisa Serrano (PSDB-MS), Renato Casagrande (PSB-ES) e Almeida Lima (PMDB-SE). O sergipano foi o único que se opôs. Para ele, não cabe à PF investigar o senador. "Qualquer trabalho de investigação, de produção de prova, envolvendo membro do Congresso Nacional, só com autorização do Supremo Tribunal Federal", disse na última semana. Já para Renato Casagrande, o pedido é de colaboração técnica e não se trata de uma investigação. "A Polícia Federal não vai fazer investigação. Vai avaliar documentos", justificou.
O corregedor da casa, senador Romeu Tuma (DEM-SP), avaliou na semana passada que o processo está causando crise no Senado e provocando um ambiente de espiritualidade "pesada". "Peço desculpas aos espíritas, a quem eu respeito muito. Se trouxerem dez chefes de terreiro, e sendo três da Bahia, não vão conseguir fazer um descarrego que melhore o estado espiritual do Senado", disse.
O PSDB, o DEM e o P-SOL deverão fazer uma "vigília" para garantir que a Mesa Diretora envie o pedido do Conselho de Ética à Polícia Federal. O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), chegou a ameaçar na última semana ir ao Supremo Tribunal Federal caso isso não ocorra.
Agência Brasil