Além de cobrar explicações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre denúncia contra ele atribuída pela Revista Veja ao principal operador do mensalão, Marcos Valério, dirigentes de partidos da oposição decidirão até esta terça-feira (18) se entram com representação pedindo ao Ministério Público que investigue as afirmações do publicitário.
Valério teria dito a amigos, segundo a revista, que Lula era o chefe do esquema do mensalão, cujo caixa teria chegado a R$ 350 milhões, e não R$ 55 milhões como sustenta o Ministério Público, e que o então presidente da República teria se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro acionando contribuintes que tinham algum interesse no governo federal.
O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), informou que a assessoria jurídica do partido já preparou a minuta dessa representação. Ele conversou com os presidentes do DEM, senador José Agripino (RN), e do PPS, deputado Roberto Freire (SP). Guerra chamou de "ensurdecedor" o silêncio de Lula diante da acusação de chefiar o mensalão. "É um silêncio ensurdecedor. Um homem público tem obrigação de vir a público se explicar diante de denúncia tão grave", disse o tucano.
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O deputado Roberto Freire afirmou que não entende a falta de reação de Lula diante de acusação tão grave. "Exigimos que o ex-presidente Lula fale porque a sociedade espera por uma resposta", alegou. O deputado diz que ainda está reticente com relação à representação no Ministério Público, antes de a Veja identificar a fonte das declarações atribuídas a Marcos Valério. "A reportagem é verossímil, mas é melhor ter segurança (da origem das afirmações) para que o Ministério Público atenda ao nosso pedido", justificou.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) é igualmente cauteloso diante da ideia de investigar a acusação contra Lula. "Vejo com muita cautela, não tenho informações além daquelas que li", ressalvou. Aécio disse que não "torce" para que todos sejam punidos apenas por serem seus adversários, mas que, "deve pagar quem agiu com irresponsabilidade, quem utilizou o mandato, o poder público para benefícios pessoais ou partidários". "Deve pagar até para que possamos ter, nas novas gerações, um comportamento ético diferente desse que assistimos até aqui", destacou.