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936 privados de liberdade

Paraná possui 15 mil jovens em conflito com a lei

Mariana Franco Ramos e Rodrigo Batista - Equipe Bonde
20 mai 2013 às 15:47

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- Theo Marques
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"A vida no crime só dá duas opções: essa onde a gente está agora e o cemitério". A frase de João*, 18, resume o sentimento dos jovens internados no Centro de Socioeducação (Cense) São Francisco, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), ouvidos pela reportagem. Maior das 18 unidades de privação de liberdade do Paraná, a instituição abriga hoje 106 meninos, divididos em sete alas.

O rapaz de União da Vitória (sudeste), mais velho de sete irmãos, chegou ao local em junho de 2012, após ter cometido um homicídio. "Estava numa festa e o cara brigou com a minha mulher", relata. A saudade do filho, de um ano e quatro meses, e o exemplo negativo do pai - assassinado há oito anos, depois de uma passagem pela prisão -, são seus estímulos para mudar de vida.

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Assim como João, 15 mil jovens estão em conflito com a lei no Estado, sendo 936 privados de liberdade, por terem praticado delitos mais graves, como os contra a vida. Entre os internados, 54 são meninas e 917 meninos. "(Eles) pararam os estudos no Ensino Fundamental, entre o 5º e o 6º ano. As famílias têm condições financeiras precárias, algumas com pais que já não vivem em casa. Boa parte não tem carteira de trabalho e cerca de 60% já foram cooptados pelo tráfico", conta a coordenadora de medidas socioeducativas da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social (Seds), Cláudia Foltran.

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Na mesma ala de João, outro jovem, de 19 anos, natural de Fazenda Rio Grande, na RMC, se enquadra no perfil descrito pela coordenadora. Casado e pai de uma menina de quatro meses, *Mateus diz ter "caído" duas vezes com drogas antes de se envolver em um assassinato. "(O tempo de internação) serviu para por a cabeça em ordem. Eu penso em mudar. Vou me esforçar. Tenho que cuidar da minha família".

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Para Francisco*, 18, de Araucária, também na região de Curitiba, propostas como a redução da maioridade penal não diminuiriam o envolvimento dos jovens com a criminalidade. "Eu sou contra, porque sei do sofrimento. Tem é que ter mais escola", defende.


Atingido por uma bala perdida em 2010, aos 15 anos, o jovem afirma que, na época, passou cinco dias em coma e que chegou a ter o lado esquerdo do rosto paralisado. Dois anos depois, estava armado, "por causa da segurança", quando presenciou uma briga e disparou contra um homem. A vítima morreu e o então adolescente foi apreendido.


"Quem tá na 'vida loka' não pensa na cadeia; só vai pensar quando estiver aqui dentro. (Com ou sem redução) Acho que vai ficar tudo da mesma forma", opina João.

* Os nomes utilizados na reportagem são fictícios para preservar as identidades dos adolescentes


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